Enquanto muitos clássicos da ficção-cientÃfica não resistem ao passar dos anos, O PLANETA DOS MACACOS, dirigido por Franklin J. Schaffner em 1968, mantém até hoje toda a sua relevância. O roteiro foi escrito por Michael Wilson (A PONTE DO RIO KWAI) e Rod Serling (criador da célebre série de TV ALÉM DA IMAGINAÇÃO), com base no livro de Pierre Boulle. Como poucos exemplares do gênero, o filme soube levar à s platéias comentários e crÃticas sociais de forma inteligentemente combinada em uma trama de ação e aventura, o que coloca o filme anos luz à frente da grande maioria dos seus contemporâneos, que se esquecem do conteúdo e usam edição alucinada e efeitos de computação gráfica para atrair as platéias.
O elenco, com óbvio destaque para Charlton Heston, achou o tom ideal para seus personagens, e mesmo quando sob pesada maquiagem (como no caso de McDowall e Hunter, intérpretes dos queridos chimpanzés Cornélius e Zira) os atores forneceram interpretações memoráveis. Também, o filme era tecnicamente primoroso, sendo indicado ao Oscar por seu figurino e pela trilha sonora atonal e vanguardista composta por Jerry Goldsmith, um dos mais estimados trabalhos do falecido compositor. Já a excelente e então revolucionária maquiagem de John Chambers conquistou um Oscar honorário.
O PLANETA DOS MACACOS possui vários momentos que surpreenderam o espectador e tornaram-se antológicos, como a primeira aparição dos gorilas, a cavalo, caçando humanos, ou quando Taylor descobre, em um museu dos macacos, um dos seus tripulantes morto e empalhado como um animal. Mas há dois que se destacam: quando Taylor, após fugir e ser recapturado, grita para o gorila que o segura, “Tire suas patas fedorentas de mim, seu maldito macaco imundo!†(até aquele momento os macacos não conheciam humanos falantes); e a clássica cena final, quando Taylor vê-se face a face com a chave do segredo do planeta e exclama, revoltado: “Malditos! Vocês conseguiram!â€.
O sucesso do filme salvou a Fox da falência e o estúdio decidiu, pela primeira vez na história, fazer uma sequência de um dos seus filmes de primeira linha. Como resultado, nos anos seguintes foram lançadas não uma, mas quatro continuações (de qualidade irregular) e uma série de TV com atores e outra em desenho animado, ambas de curta duração. Em 2001 foi a vez da refilmagem dirigida por Tim Burton, que pretendia ser o reinÃcio da franquia. Os planos do estúdio, contudo, foram por água abaixo devido à má aceitação do filme que entre outros problemas, no lugar de uma cena final impactante, trouxe uma conclusão sem pé nem cabeça. O que comprova que, 41 anos após seu lançamento, O PLANETA DOS MACACOS original permanece sendo um marco da ficção cientÃfica – e daqueles que dificilmente serão igualados.