Dos filmes que tinham aspirações ao Oscar®, este foi o primeiro fracasso, ficando fora tanto do SAG quanto do Globo de Ouro, e indo mal de bilheteria; de tal forma que nos EUA já não é possÃvel encontrá-lo mais em cartaz. Ou seja, já chega aqui derrotado e com má fama. Mas não é tão ruim quanto ficou parecendo, apenas equivocado, porque o diretor Baz Luhrman ainda não conseguiu mudar, depois de ter feito Moulin Rouge; fez algumas opções erradas (entre elas, optando por uma longa metragem!).
Seu grande erro foi optar pelos efeitos digitais, como se estivéssemos num filme da Disney, ou numa adaptação, enquanto sua pretensão era fazer um ...E o Vento Levou australiano, ou seja uma história com os pés no realismo, no romance sim, mas nunca na fantasia, no estilizado. Cada vez que a câmera se levanta e sai voando pelo espaço, acaba levando o filme a se perder. Outro problema que teve que enfrentar, e não conseguiu, é que a história é dividida em três partes, três atos muito bem definidos.
No primeiro, o casal se encontra e briga muito, e a direção resolveu fazer tudo como se fosse uma comédia de aventuras, no estilo Uma Aventura na Ãfrica, com Katherine Hepburn e Humphrey Bogart. No segundo ato, vira um faroeste de John Wayne, tipo Rio Vermelho. E finalmente, na terceira parte, acaba tudo na vala comum de Pearl Harbor (na verdade, ficamos sabendo pouco sobre o que sucedeu com um inesperado ataque japonês ao porto australiano, que o cinema ignorou até agora, ou quase).
Essa mudança de tom é muito esquisita, e atrapalha o espectador, que não consegue mergulhar direito no que deveria ser uma aventura épica, sobre uma viúva inglesa rica (o marido aparece morrendo na primeira cena, que serve para apresentar o terceiro nome do filme, um garoto nativo, que naquela época eram retirados de suas famÃlias, para serem treinados como serviçais semi-escravos). Um absurdo local, que serve de paralelo para a escravidão americana. Nicole Kidman faz a inglesa, que tenta salvar sua fazenda de gado, e se envolve com um aventureiro, o sempre correto Hugh Jackman. Já se falou muito nas plásticas de Nicole e não vou insistir no assunto. Achei que ela está esforçada, querendo acertar (embora, depois do fracasso, ela deselegantemente já tenha falado mal do filme). Ao menos está disposta a passar por muitas reviravoltas, lutando pela casa, o gado, o menino (e usando como tema musical ‘Over the Rainbow’, já que a Austrália tem o apelido de Oz).
Se há também a falta de um vilão memorável, que possa ser o opositor à altura do casal (o elenco traz, porém, famosos atores veteranos australianos como coadjuvantes), o filme é bastante bonito e fotogênico. Mas, simplesmente, não funciona como deveria. O que é muito ruim para a carreira tanto de Nicole, que vai perdendo o estrelato, quanto de Luhrman. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 3 de fevereiro de 2009)
.O ano cinematográfico mal começou e a exacerbação melodramática buscada por alguns filmes já está fatigando o gosto do espectador. Austrália (2008), dirigido pelo outrora excêntrico realizador australiano Baz Luhrmann, é uma desastrosa incursão no gênero do melodrama épico, claramente calcado em certos conceitos de obras tradicionais de Hollywood como ... E o vento levou (1939), de Victor Fleming; utilizando uma ambiciosa grandiloquência de filmar a partir da luxuosa superprodução que exibe ostensivamente todos os seus cento e trinta milhões de dólares investidos, Austrália não passa de um painel vazio e superficial da vida interiorana do paÃs à s vésperas dos conflitos da II Guerra Mundial.
A atriz australiana Nicole Kidman, de consistente carreira em Hollywood mas com um desempenho cheio de floreios inúteis e debilidades, vive Sarah Ashley, uma aristocrata britânica que aporta na Austrália em busca de seu marido (que descobre estar morto) e se envolve na condução de tropa de gado até a um porto onde os animais serão comercializados; com ela, outro australiano, o ator Hugh Jackman, faz o inevitável par romântico deste desarrazoado, arrastado e deformado afresco histórico. A verdade é que as coisas funcionam muito mal em Austrália; e sua tentativa de paparicar o espÃrito primitivo e selvagem dos aborÃgenes, a partir da figura dum menino Ãndio, é igualmente furada: em momento algum a narrativa se despe de sua pompa industrial para ser a avalanche selvática que Buhrman quer insinuar em algumas sequências. (Eron Fagundes)
. Quando foi anunciado com um épico no estilo de E o vento levou... crÃticos e mais crÃticos estavam em polvorosa para o novo longa de Baz Luhrmann, que depois de conlcuir sua trilogia da cortina vermelha (Vem Dançar Comigo, Romeu e Julieta, e Moulin Rouge! ) estaria fazendo um filme em homenagem ao seu pais. Estrelado por Nicole Kidman e Hugh Jackman porem o filme revelou- se um fracasso de critica, e também de bilheteria (apenas 207 milhões contra o grande custo de sua produção), mas no final das contas, embora não seja nem de longe um épico, é um gracioso longa que conta uma bela e doce historia de amor. Ao ir para Austrália para defender a fazenda de seu marido, Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman) encontra um local bem diferente de seu habitat natural. Requintada e bem educada, ela logo se depara com o bruto (e belÃssimo) Drover (Hugh Jackman), um homem que conduz gado, e que a levará até sua fazenda. Lá ela se depara com Nullah, um menino aborigene (o incrÃvel ator mirim Brandom Walters) que está sendo caçado por Neil Fletcher, capataz da fazenda que na verdade é pai de Nullah. No meio dessa historia, está a segunda guerra mundial, um romance entre Sarah e Drover, e uma trama que levara ao publico ao coração da Ãfrica. A formula é essa. O filme na verdade deverá agradar as mulheres, pela bela historia romântica, mas ele não é só isso. É engraçado (o que incomodou os crÃticos), muito bem fotografado (fotografia de Mandy Walker esnobada no Oscar foi um absurdo), e carismático. Então espera-se (pelo menos eu espero) que ele seja redescoberto em dvd, para aqueles que tiveram preconceito com o longa só de ler as criticas, possam observar que ele não é ruim, muito pelo contrario. Embora recheado de clichês Austrália pode ter todos os defeitos do mundo, mas é um longa que foi feito de coração aberto. Simplesmente belo. (Viviana Ferreira)