O faroeste está morto, mas, como esqueceram de o sepultar (e ele permanece à porta duma sepultura eternamente aberta), ele ressurge de quando em quando no fascÃnio da linguagem cinematográfica clássica. Appaloosa, uma cidade sem lei (Appaloosa; 2008), dirigido pelo norte-americano Ed Harris (que também interpreta a personagem principal), é a realização do momento para os saudosistas do gênero por aqui; com seu formato bastante quadradão de encenar, Harris vai aos poucos conquistando a atenção do observador graças a uma certa autenticidade (ainda que ingênua, ou talvez por isso mesmo) da narrativa ao voltar-se para os temas de sempre do Velho Oeste, as rivalidades viris, as confusões sentimentais duma mulher volúvel, as relações dum cenário amplo e desolado com a história que está sendo contada.
Harris e seu parceiro Viggo Mortensen são os mocinhos da vez; Jeremy Irons é o vilão perseguido mas sempre sinuoso em suas escapadas. Os três se entregam aos desempenhos viris do faroeste, classicamente. Renée Zellweger é a maliciosa entre as cartas masculinas, buscando amparo nos braços do homem que detém o poder do momento, podendo ser Harris, Mortensen ou Irons.
Appaloosa não chega a ser tão engenhoso quanto O assassinato de Jesse James (2007), de Andrew Dominik, inédito nos cinemas brasileiros e visto por aqui somente em dvd; mas é também um espetáculo que aponta para a retomada de um gênero que, se for descoberto pelo público, poderá agradar à s grandes platéias. Tem os elementos caracterÃsticos. (Eron Fagundes)