Crítica sobre o filme "Reféns do Desconhecido":

Wally Soares
Reféns do Desconhecido Por Wally Soares
| Data: 29/04/2009
Desde seus créditos iniciais "sujos†até seu desfecho cruelmente absurdo, Reféns do Desconhecido é um assumido filme-B de alienígena. Notadamente feito com um orçamento muito limitado, a produção reúne nomes por trás de A Bruxa de Blair, com um dos diretores agindo aqui como produtor, além de contar com o roteiro de uma técnica da produção do clássico filme de terror, e da direção de Ben Rock, que criou a simbólica figura dos pauzinhos para o filme de 99´. Rock, cuja filmografia esconde apenas curtas-metragens e filmes televisivos pequenos, não tem medo de assumir seu filme como um derradeiro terror "trash", com todas as características deste tipo de filme. Reféns do Desconhecido é barato, curto, econômico, sujo e exagerado. E também é autenticamente sobre uma invasão desavisada de aliens.

Quando o filme tem início, começa o "assalto" de um grupo de pessoas à um supermercado, que acaba se revelando tudo menos isso conforme vamos percebendo a irregularidade das ações deles. Irregularidades estas que não se contentam aos personagens. O roteiro é dos mais irregulares e estranhos, realmente assumidamente absurdo e extravagante, incluindo péssimos diálogos, escolhas estranhas e alguns personagens muito irritantes, enquanto outros muito burros. Seria difícil então segurar a atenção do espectador diante de algo tão… "pueril". Mas a direção de Rock incita ao filme uma atmosfera bem convincente, e adiciona boas doses de tensão e adrenalina para deixar tantos os personagens quanto a audiência completamente ligada, ainda que sofra de variados derrames ao longo do caminho, caracterizados especificamente pelas tais péssimas escolhas do roteiro, como as que tentam levar alguns personagens mais a sério.

Fora isso, não tem muito o que dizer a não ser alertar e deixar bem claro que o filme é sim barato e inevitavelmente mal feito sobre certa perspectiva. Do seu nome original tosco e literal (algo como Intrusos de Alienígenas) à maquiagem horrorosamente grotesca dos "seres desconhecidos", o filme paga homage ao gênero que foi pavimentado há vários anos atrás, com filmes hoje clássicos como A Coisa de John Carpenter. Ou seja, é para fãs de "trash", ou então para aqueles que simplesmente querem um passatempo leve e curto para se divertir. Apesar de nunca chegar a ser aterrorizante, o filme envolve muito bem, tem o humor habitual da formula do gênero, e um clima que é consistente ao se entregar ao obscuro e à espreita do desconhecido, prendendo a audiência na ilusória cadeira de quem está sendo completamente enganada pelos truques postos em jogo. Truques estes que se revelam até bastante dinâmicos e criativos em momentos, como o próprio inesperado desfecho.

Então existe um filme de qualidade aqui. Mas este está enlatado sob um disfarce. Não tem como negar que o disfarce o repreenda e insere sim elementos ora desagradáveis e ora simplesmente irritantes, mas o que seria do "trash" sem o… lixo? Portanto, para apreciar Reféns do Desconhecido como o filme falho, bobo e divertido que é, precisa-se ter noção não só de suas intenções (e ele faz jus a elas), mas saber que trata-se de uma produção completamente descompromissada, que foge de todos os padrões que não sejam aqueles impostos pelo seu próprio sub-gênero. Sabendo disso, e aceitando, da para se divertir e perceber as qualidades do filme, que é bem atuado, dirigido com um olho certo e controladamente absurdo dentro das medidas. Só não peça por mais. (Wally Soares – confira o blog Cine Vita)