Crítica sobre o filme "Jogo Entre Ladrões":

Rubens Ewald Filho
Jogo Entre Ladrões Por Rubens Ewald Filho
| Data: 28/05/2009

Nos Estados Unidos, este filme nem passou nos cinemas, saindo diretamente em home-vídeo, ou seja DVD, com exclusividade para a rede ‘Blockbuster’. O que não é bom sinal. Mas, na verdade, é um thriller de assalto tradicional, que segue as regras do guia de roteiro: começa com uma grande sequência de ação, emocionante ainda que inverossímil, com um assalto, e uma perseguição no metrô de Nova York. Não que o resto do filme faça mais sentido.

É verdade que eu preciso lutar contra uma certa má vontade com fitas que glamurizam a profissão de ladrão, quando a gente vive numa época tão violenta, onde todos temos alguma história trágica de assalto para relatar. E não temos a menor simpatia por meliantes, sejam meros assaltantes de rua, sejam políticos corruptos, ou tecnológicos especialistas em assaltos a obras de arte. Já está longe o tempo de “Ladrão de Casaca” (1955) e Raffles e hoje, ver alguém escapar incólume à policia e burlar a lei, já não tem mais o mesmo significado de divertissement leve e irresponsável.

Este “Jogo entre Ladrões” é realizado pela mesma Mimi Leder que já foi protegida de Spielberg, mas demonstrou sua mediocridade em fitas como “A Corrente do Bem” (2000), “Impacto Profundo” (1998) e “O Pacificador” (1997). Pena que não possamos esmiuçar o roteiro (porque estaríamos entregando segredos que só serão conhecidos no filme, com reviravoltas ditas inesperadas), porque senão seria fácil perceber que ele não tem a menor lógica e sentido, principalmente porque a narrativa mente para o espectador, e não há porque Morgan Freeman escolher Antonio Banderas para seu parceiro de proezas.

Explicando, apenas um pouco: Keith Ripley (Morgan Freeman) é um ladrão de alto nível, que é contratado para roubar dois secretos e valiosíssimos ovos Fabergé, que estariam num cofre que pertence à máfia russa em Nova York. Chama Gabriel Martin (Antonio Banderas), que seria um ladrão de Miami, para ser seu parceiro, e este, também absurdamente, se apaixona por Alexandra (Rahda Mitchell) afilhada do amigo, uma advogada que o tem defendido da polícia - já que tem o tenente Weber (Robert Forster) que faz tudo para prendê-lo. O resto do filme, passada a fase de exposição, é a realização do plano e, finalmente, o assalto, as reviravoltas e o final amoral. Banderas, aos 48 anos, dá sinais de cansaço (e ainda não aprendeu a falar inglês direito!), e Morgan Freeman faz o de sempre. Ou seja, um filme banal, sem maiores atrativos. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 16 de março de 2009)