Crítica sobre o filme "Blade Runner":

Jorge Saldanha
Blade Runner Por Jorge Saldanha
| Data: 30/05/2009

Quando foi lançado nos cinemas em 1982, Blade Runner foi recebido com frieza tanto pelo publico como pela crítica. Lembro que saí do cinema pensando na coragem do diretor Ridley Scoot, que após ter feito a aclamada sci fi de horror Alien, O Oitavo Passageiro, aceitou a tarefa de realizar outra ficção-científica, uma espécie de filme noir futurista baseado num livro de Philip K. Dick – portanto com ambientação e temáticas completamente diferentes de seu sucesso anterior. Os anos passaram, e após o filme ser lançado em vídeo ele começou a ser reavaliado e foi objeto de muitas discussões, alimentadas pelos muitas interpretações das imagens e eventos mostrados por Scott. Como resultado, Blade Runner, hoje, é considerado com justiça um clássico da ficção-científica, a obra cinematográfica definitiva sobre criaturas artificiais que buscam sua humanidade - tema recorrente em muitos filmes e séries do gênero. Mas o diretor nunca escondeu sua insatisfação com a versão original lançada nos cinemas americanos, já que por imposição do estúdio, que considerou a trama complicada, ele teve que adicionar uma narração explicativa de Harrison Ford em alguns momentos. Além disso, quiseram dar à produção um tom mais otimista e menos sombrio, eliminando alguns takes mais violentos, uma cena de sonho de Deckard e adicionando um equivocado final feliz, emoldurado por tomadas aéreas originalmente filmadas para O Iluminado.

Anos mais tarde, com a consagração do filme, foi lançada em DVD uma “versão do diretor” (ainda que sem o envolvimento de Scott) sem a narração de Ford, sem o final feliz e, o mais importante, com a cena em que Deckard sonha com um unicórnio, que dá uma nova interpretação para a natureza do personagem. Esta versão era a única até então lançada em DVD, até que em 2007 o filme foi novamente exibido nos cinemas dos EUA em uma “versão final”, agora supervisionada por Ridley Scott e que representa, segundo ele, a sua visão definitiva de Blade Runner. Basicamente esta versão é a mesma “versão do diretor”, porém cuidadosamente restaurada, com ajustes nos efeitos visuais de Douglas Trumbull e a correção de alguns problemas pré-existentes. Suas principais características são:

- A cena de Deckard esperando para comer no White Dragon foi encurtada, uma vez que a narração foi eliminada;

- As cenas de violência eliminadas (que no entanto constaram na versão de cinema internacional) foram reinseridas;

- Quando Bryant e Deckard estão examinando os perfis dos Nexus-6, Bryant descreve o trabalho de Leon;

- Desde seu lançamento o filme tinha um grande furo no enredo – a introdução falava em seis Replicantes fugitivos, mas depois só víamos quatro. Para resolver isso uma fala de Bryant foi redublada, informando que dois deles já haviam morrido em um campo elétrico;

- Quando Gaff e Deckard chegam no apartamento de Leon, o síndico diz ´Kowalski´;

- Quando vemos Roy Batty pela primeira vez, o fundo da imagem foi alterado para combinar com o resto da cena;

- O diálogo entre Deckard e o comerciante de cobras artificiais Abdul Ben Hassan, que estava fora de sincronia, foi corrigido;

- Várias tomadas com figurantes foram restauradas, como a de duas strippers vestindo máscaras de hóckey e a de Deckard falando com outro policial;

- A versão integral da cena do unicórnio foi inserida;

- Na seqüência em que Deckard persegue Zhora, o rosto da atriz Joanna Cassidy foi digitalmente sobreposto ao da dublê;

- Uma cicatriz no rosto de Deckard após a ´retirada´ de Zhora foi removida, por razões de continuidade;

- Quando Batty confronta seu criador, Tyrell, ele diz em inglês ´I want more life, father´ (ao invés de ´I want more life, fucker´);

- Após matar Tyrell, Batty diz para a sua próxima vítima ´Me desculpe Sebastian. Venha. Venha´, o que serve para realçar a crise de consciência do personagem;

- Quando Batty solta o pombo, os prédios de fundo agora são os da Los Angeles de 2019. Não tenho dúvidas de que a nova “versão final” é a melhor de todas. Mas para aqueles que por acaso pensarem diferente, não há problema: esta nova Edição Especial, além dela, traz mais três versões do filme para contentar a gregos e troianos, todas com a duração aproximada de 117 minutos.