SHREK (2001) foi uma das animações mais originais, irreverentes e bem sucedidas já feitas. Sua grande sacada foi satirizar os desenhos da Disney baseados em contos de fadas, o que rendeu piadas hilárias com personagens clássicos. Além disso, proporcionou grandes atuações off screen de Mike Myers (Shrek), Cameron Diaz (Fiona) e Eddie Murphy (Burro). Sua continuação, SHREK 2 (2004) manteve o pique e adicionou um novo – e excelente – personagem ao grupo principal: o Gato de Botas, com uma vocalização adequadamente latina de Antonio Banderas. Novamente um grande sucesso entre adultos e crianças, o longa garantiu um terceiro filme – este SHREK TERCEIRO (2007). O problema com este mais recente tÃtulo da franquia é que ele demonstra, claramente, que ela perdeu boa parte do seu pique.
Em SHREK TERCEIRO não há grandes inovações na trama – basicamente ela mostra o quarteto enfrentando os planos do PrÃncipe Encantado (Rupert Everett) para assumir a coroa do reino Tão, Tão Distante, o que já vÃramos no longa anterior. Além disso, não foi introduzido nenhum novo personagem com o impacto do Gato de Botas de Banderas. As novas adições – Arthur (Justin Timberlake) e Merlin (Eric Idle) não são particularmente marcantes ou engraçadas. O melhor talvez sejam as princesas amigas de Fiona – Rapunzel (Maya Rudolph), Branca de Neve (Amy Poehler), Cinderella (Amy Sedaris) e Bela Adormecida (Cheri Oteri), que proporcionam boa parte das melhores piadas e se mantém afinadas com o espÃrito da série. Muito alarde se fez, antes da estréia do filme, sobre a aparição dos bebês de Shrek e Fiona, mas na verdade eles surgem apenas em duas seqüências – antes de nascerem em um engraçadÃssimo sonho de Shrek, multiplicados aos milhares, e no fim, quando conhecemos o verdadeiro trio de bebês ogros. O fator fofo / escatológico deles certamente tornaria o filme mais dinâmico se fossem mais utilizados, o que provavelmente acontecerá no próximo – preparem-se para muitos vômitos, puns e arrotos!
A história de SHREK TERCEIRO também aborda a dificuldade do Ogro em assumir responsabilidades: primeiro a de tornar-se rei, o que o leva a procurar Arthur, o seguinte na linha de sucessão; e depois, quando Fiona lhe diz que está grávida, a de enfrentar a paternidade. Sem dúvida um tópico relevante, tÃpico de nossas vidas profissionais e familiares, porém ele fica meio perdido na história que se desenrola, que parece mais um conjunto de esquetes humorÃsticos tenuamente ligados. Mas que sem dúvida garantem momentos inspirados, como o funeral do rei Sapo ao som da canção “Live and Let Die†de Paul McCartney. Recomendável aos fãs da série, para quem não é uma assistida casual já será suficiente.