Apesar de não querer soar clichê, é preciso dizer algo sobre este pequeno filme que é indispensável:
Dia dos Namorados Macabro é uma triste e lamentável refilmagem de mais um filme de terror. Ao menos desta vez não é baseado em nenhum terror oriental. Mas ao menos aqueles possuÃam premissas mais divertidas. Baseado em um
trash de 1981, o filme segue os assassinatos de um mineiro (aquele que trabalha na mina), que segue os passos da imbecilidade deixados por Jason Vorhees ao caçar tudo que passar pela sua frente. Alias, é curioso certo momento do filme que traz um personagem chamando o assassino – sem saber que ele é – de Jason, como se os roteiristas já assumissem a clara inspiração no personagem de
Sexta-Feira 13. Alias, este mesmo personagem tem um destino que é uma referência direta (ou cópia) de
Sexta-Feira 13, Parte III – um filme que, como este
Dia dos Namorados Macabro, foi lançado no formato de 3D nos cinemas – numa cena que traz um olho saltando em direção à audiência. Alias,
Dia dos Namorados Macabro é, em si, um emaranhado de artifÃcios visuais sendo jogados na direção da audiência, ao empregar uma importância à apresentação em 3D em prol do roteiro, que por sua vez é uma bagunça estridente.
Se a verdade for dita,
Dia dos Namorados Macabro é um filme terrÃvel. Mal realizado, péssimas atuações, roteiro implausÃvel e cenas amadoras. Mas para quem deixar o cinismo de lado e, como eu, abraçar o clima mais descomprometido do filme, pode ser que a sessão acabe soando menos trágica. Ainda assim, não trata-se de um filme que mereça qualquer recomendação. Eu digo descomprometido porque o clima do filme muitas vezes nos remete à uma aura clássica desse tÃpo de filme dos anos 80, ainda adicionando boa dose de humor, este proposital ou não. A melhor cena do filme, alias, é uma que traz uma mulher correndo completamente nua enquanto o assassino a caça. A simples ousadia da cena já é um deleite, mas é perceptÃvel que trata-se de uma
homage à estes tais filmes antigos do gênero. Esta cena, e outra bastante tensa (mas estúpida em sua roteirização tola) num supermercado, são as únicas virtudes do filme. Apesar de ter gostado bastante de certo momento ao final do que filme que, ao eliminar todos os suspeitos, deixa o clima tenso ao apostar na probabilidade de apenas dois personagens serem o assassino. Os elogios param – definitivamente – por aqui. E são a única salvação deste filme diante da completa mediocridade.
O problema aqui é mesmo a imbecilidade do roteiro, que traz personagens rasos, uma trama nada convincente – e bem embolada – e uma direção que está preocupada tão somente em garantir uma sessão em 3D memorável. Não sei dizer se o filme funcionou neste formato, mas posso dizer que a tamanha dedicação do cineasta não foi justificada. O longa será "eternizado" nas locadoras, não nos cinemas. E este será facilmente esquecido por, de fato, não trazer nada de relevante e ser tão dispensável quanto a legião de outros filmes do gênero que vem incomodando nos últimos anos. Não é por causa de algumas poucas cenas que o filme vai conseguir sobreviver. Alias, seus erros e defeitos são tão pesados que desmancham totalmente qualquer vestÃgio de satisfação que o espectador possa ter sentido em outro momento do filme, terminando com uma cena tão medÃocre quanto o resto dos fundamentos tolos da fita.
Totalmente descartável e carregado no implausÃvel e no inverossÃmil,
Dia dos Namorados Macabro é aquele tÃpo de filme em que, numa luta entre dois personagens, um fica parado enquanto o outro bate, para logo trocarem de posições. E outras cenas que demonstram como seus personagens são unidimensionais e o diretor totalmente inexperiente. Um resultado amador que, ainda que soe justificado enquanto como uma homenagem aos filmes dos anos 80, não justifica sua total falta de percepção e novidade, jogando a audiência numa trama demasiadamente boba que só sobrevive diante da tamanha violência do projeto. E o diretor Patrick Lussier (do péssimo
Luzes do Além) investe mesmo no gore, e até ganha pontos com isso. Mas até que ponto o gratuito funciona? Até o ponto que você se da conta de que você pagou para ver algo...gratuito.
(Wally Soares – confira o blog Cine Vita)