Crítica sobre o filme "Diana Krall: Live in Rio - BLU-RAY":

Edinho Pasquale
Diana Krall: Live in Rio - BLU-RAY Por Edinho Pasquale
| Data: 30/06/2009
Diana Krall é uma das principais musas do Jazz. Ponto. Dito isto, vamos ao concerto que ela realizou no Brasil. Gravado no “Vivo Rio“, num palco cuja iluminação tentou tornar a casa mais intimista, o que a tornou por vezes deficiente, principalmente da orquestra que acompanhou. Como no CD lançado recentemente, o repertório é baseado em standards da música americana com arranjos no ritmo mais de bossa nova e com canções brasileiras. Se a mistura deu certo? Vejamos:

O concerto abre com cenas matutinas do Rio (outras cenas são rapidamente apresentadas na introdução de outras canções) e já de cara apresenta o sugestivo “I Love Being Here To You” (de Peggy Lee), para mostrar a que veio. Com um trio de primeira, Anthony Wilson (guitarra), Jeff Hamilton (bateria) e John Clayton (contrabaixo), já começam a embalar o público som bons solos. Como um “cartão de visitas”. Na sequência, “Let´s Fall in Love”. E Diana começa a desfilar seu charme logo depois da primeira estrofe, com pausa para um longo suspiro, que, obviamente encanta a platéia. Antes de continuar o concerto, Diana continua a ganhar a platéia e, depois de apresentar o seu trio, inclui o brasileiros Paulinho da Costa na percussão, o Maestro Ruria Duprat e a Orquestra do Rio de Janeiro, continua a cantar famosos standards da música americana, com um toque bem de bossa nova, afinal, essa é a intenção do novo disco (“Quiet Nights”) e show da cantora, como “Where or When” (do musical “Babes in Arms”), “Too Marvelous For Words” (que Diana comenta que conheceu através de Frank Sinatra) e “I´ve Grown Accustomed to Her Face” (do musical “My Fair Lady”), com belos arranjos, suaves, para realmente abrilhantar a voz da cantora.

Já “Walk on By”, de Burt Bacharat, tem no seu arranjo uma bela suavidade, numa interessante versão, bem diferente da consagrada por outra “dione”, a Dionne Warwick, que, talvez não por coincidência, também adotou o Rio e a música brasileira na sua carreira. Em “Frim Fram Sauce”, gravada inicialmente por Nat King Cole, é deliciosamente tocada por Krall, que, grande pianista que é, conta que foi a sua primeira música a aprender no instrumento, quando tinha 15 anos. Ela claramente se diverte ao relembrá-la, aos se deliciar na integração claramente improvisadas com o seus músicos. Já outro ícone do Jazz, Irving Berlin, é representado com a maravilhosa “Cheek To Cheek”. O público finalmente esquenta e interage nos novamente virtuosos solos e improvisos.

Novos clássicos são embalados, como “You´re My Thrill”, sucesso da hour-concours Billie Holiday, cuja interpretação é suave, mas dá uma ligeira derrapada, não entusiasma muito. Irvin Berlin volta a cena, em “Let´s Face the Music and Dance”, que Diana acha “apropriada” para o show. Sim, é um bom exemplo dos arranjos “a la bossa nova”.

Pausa para uma conversa com o público, onde ela fala de seus filhes e marido, Elvis Costello, que estão em Vancouver enquanto ela está de “férias” no Rio... Claro que não soa como ofensa, ela logo explica que está adorando fazer o show. E emenda com a fantástica “Every Time You Say Goodbye”, de Cole Porter, numa bem comportada versão. Ou seja, cheia de charme.

Finalmente, Diana envolve o público de vez, ao começar uma sequência de músicas brasileiras. Inicialmente, “So Nice” (“Samba de Verão”) é bem recepcionada (ela até pede, meio sem graça, para que o público cante com ela), e, em seguida, “Quiet Nights” (“Corvovado”), agora sim com o público finalmente entoando a canção em Português, num dos pontos mais altos do show, num inusitado dueto em Inglês-Português. Arrepiante. Depois dessa, só mesmo “Este Seu olhar”, com uma charmosa e divertida tentativa de Diane cantar em Português, arrancando gritinhos e até algumas simpáticas risadas da plateia, principalmente ao pronunciar “gousssta di mim”, com sotaque carioca! Na segunda metade da música, ela pede ajuda: “me mostrem como se canta”. Acho que devo usar mais uma vez a palavra charme para retratar o momento. Ela finaliza a parte brasileira com “The Boy From Ipanema” (“Garota de Ipanema”, adaptada), o carro-chefe do CD recém gravado. Como é uma das músicas mais conhecidas internacionalmente, Krall está bem mais à vontade e solta ainda mais a voz. Mais uma vez o público vai ao delírio e canta a plenos pulmões, em novo dueto. A musa se emociona e volta a apresentar os músicos. Acabou? Não. Ela comenta que gostaria de continuar do país e comenta que assistiu ao concerto de “João Gilber - to” (sim, há uma excitação) e comenta outros de seus ídolos brasileiros, e brinca com a platéia, depois de um gritinho bem brazuca de um sujeito da platéia de “I Love You”. E então ela “começa a terminar” a apresentação com “I Don´t Know Enough About You”, de Peggy Lee, com uma boa “pegada”.

O bis vem com “S’Wonderful”, dos irmãos George e Ira Gershwin, do musical “Funny Face”, num excelente arranjo bem bossa nova e o show termina com “Eactly Like You”,. Para a tristeza dos fãs. Mas com alegria para quem tem a oprtunidade de rever estes preciosos momentos em casa.