Crítica sobre o filme "Pantera Cor-de-Rosa 2, A":

Rubens Ewald Filho
Pantera Cor-de-Rosa 2, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/07/2009
Quando descem os créditos de A Pantera Cor-de-Rosa 2 – sequência fracassada do já bem fraco primeiro filme que trouxe o Inspetor Clouseau de volta à vida – o pensamento que me corria pela cabeça era bem simples: de quem foi a genial idéia de fazer este filme? O primeiro, de 2006, teve um morno sucesso em bilheterias, e ressuscitava o clássico personagem de Peter Sellers de uma forma inconsistente e nada memorável, ainda que um ou outro elemento se destacasse. O problema é que esta nova empreitada não só repete todos os erros do antecessor, insistindo em piadas gastas e espetáculos gratuitos, mas irrita ao se submeter à mera reciclagem da fórmula usada anteriormente. E o resultado é, além de todas as pretensões, um filme medíocre, pobre e totalmente desnecessário (esta sendo a palavra chave). O pivô do longa, como foi no anterior, é Steve Martin, que vai aos limites em sua personificação exacerbada do personagem. E, mais uma vez, é uma atuação acerta e erra, que tem seus momentos cômicos da mesma forma que possui os vergonhosos.

Quando digo que o filme repete a fórmula do anterior, falo de forma explícita. Tirando a formalidade de introduções, tudo aqui ocorre da mesma maneira, incluindo aquelas cenas em que o personagem passa vergonha diante da nação, decepcionando a todos. E isso se segue até os últimos minutos em que (e isso não é spoiler, é?) surpreende a todos com a sua resolução esperta do crime. Tão óbvio que chega a doer. E é essa constante obviedade e a incapacidade do filme de se renovar que cansa e inibe o projeto em inúmeros aspectos. Personagens rasos, humor batido, estereótipos constantes e um senso de irrelevância fatal. Não tem como fugir. Apesar de dois ou três momentos engraçados e válidos esforços para tentar não levar o filme tão a sério e acabar de divertindo, não tem como não resistir sua incompetência como comédia e, pior, como cinema.

O filme aposta muito na reação da audiência às atrapalhadas do personagem principal, que são sua marca registrada e justo o que lhe dá sua graça. Cenas como a que o leva a botar um restaurante inteiro em chamas funcionam pelo dinamismo, mas a maioria soa como se os roteiristas estivessem forçando muito a barra e exagerando acima do aceitável. Isso inevitavelmente traz um infortúnio sentimento de artificialidade. E isso, junto com a frieza dos personagens – nenhum deles (e nenhum de seus conflitos) nos afetam – transformam a sessão em um verdadeiro desperdício de tempo e consideração, pois o que mais se faz durante o filme é tentar considerá-lo, em esforços contínuos e desgastantes de enxergar algo que vai além do lugar comum e do mero descartável. Tarefa árdua, e tola. Alias, o meu maior esforço foi tentar compreender o grande mistério do filme (que não está ligado à trama – mas à presença curiosa e estranha de tantos atores talentosos numa produção que claramente não os merecem). Além de Steve Martin, que poderia estar sendo um bom cômico em outro lugar, temos participações incompreensíveis de Emily Mortimer e Jeremy Irons, dois grandes atores. Andy Garcia e Alfred Molina também poderiam estar realizando projetos mais expressivos. Quem parece pertencer idilicamente ao filme é John Cleese, que substituiu o ótimo Kevin Kline numa participação cansativa ao extremo.

A recomendação para quem for se arriscar a assistir ao filme é simplesmente não tentar muito, pois isso transforma o já desgastante em tortuoso. Quem gostou, porém, do filme anterior, poderá acabar caindo nas graças deste filme. É tudo uma questão de entreolhar. É diversamente possível entreolhar defeitos em filmes em prol da diversão. O meu problema com A Pantera Cor-de-Rosa 2 é que, além de não ter enxergado divertimento algum, também achei uma verdadeira missão impossível me esquivar da percepção de tantos erros e tamanha preguiça, que parece tomar conta tanto dos atores (que não se esforçam), e da produção em si. Um roteiro seco não sobrevive com uma direção igualmente desnutrida. O que se segue então é uma doença cancerígena que se apodera da obra, invalidando suas funções e à levando à morte súbita. Assim, podemos enterrar esta sequência e mover adiante, esperando que o fracasso comercial do filme convença os produtores à deixar Clouseau no passado, com Peter Sellers. (Wally Soares – confira o blog Cine Vita)

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Adoro Steve Martin. Acho o engraçado, inteligente, criativo, divertido e único. Ele tem seu estilo, sua calma seu jeito...mas, se existe algo que eu não curto nele, é ele interpretar o clássico inspetor Closeau, um personagem magnífico imortalizado por Peter Sellers. Não adianta. Na minha concepção apenas Sellers era digno de tal personagem...mas, fizeram uma versão da Pantera cor-de-rosa em 2006, e não satisfeitos, fizeram uma continuação em 2009...de qualquer modo, Closeau é integrado à uma equipe encarregada de investigar famosos tesouros que estão sendo roubados ao redor do mundo. Closeau então conta com a ajuda de Ponton (Jean Reno) seu fiel parceiro e Nicole (a fofíssima Emily Mortimer) personagens que já conhecemos e retornamos a ver.

Nesta continuação, o filme foi dirigido por Harald Zwart, que dirigirá o remake de Karatê Kid...o filme anterior havia sido dirigido por Shawn Levy (que hoje está mais dedicado à franquia de Uma noite no museu) mas enfim, se acho o primeiro fraco, imagine a continuação! As piadas são chatas, a trama é fraca, não existe o gosto do original, é tudo muito arrastado e cansativo. O filme só tem uma hora e meia mas parece ter 3 horas pelos diálogos sem graça e o roteiro inflado (que diga-se de passagem é uma decepção pois Steve Martin é ótimo roteirista) que não prendem o expectador. Infelizmente, e dói no meu coração dizer isso, não aconselho este filme nem para locação.

Pura perda de tempo. (Viviana Ferreira)

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O primeiro Pantera Cor-de-Rosa desta nova fase, feito há dois anos, não era grande coisa, mas era tanta a vontade de ver ressuscitado o personagem clássico do Inspetor Clouseau, que tivemos boa vontade. Nós e o público. Mas isso não se repete nesta continuação, que foi fracasso total de público e crítica nos EUA. Devem ter tido a mesma sensação que eu, vendo Steve Martin quase como um impostor, que se apossou do papel que era de Peter Sellers, sem nunca realmente habitá-lo. Mantendo a cara-de-pau, caprichando no sotaque francês incompreensível, mas sem nunca convencer. E olhe que sou fã de Steve Martin, e de muitos de seus filmes.

Aqui o roteiro faz um esforço de internacionalizar as coisas, rodando grande parte em locações, e com elenco que inclui atriz indiana (será já o efeito Slumdog?), o inglês Molina, o cubano Andy Garcia fingindo ser italiano, astros japoneses, franceses, e até o Elvis Presley francês, Johnny Halliday, como um ladrão famoso (pena ele ser tão inexpressivo, derrubando o que poderia ser uma participação especial engraçada). Tem até mesmo ponta, não creditada, de Jeremy Irons, e John Cleese assumindo o papel do Inspetor, que antes foi de Kevin Kline. Também não deixam de voltar, do filme anterior, o melhor amigo, Jean Reno (são os filhos dele que agora irão lutar karatê com Clouseau), e o interesse romântico, a secretária Nicole (Emily Mortimer). Mais estranha ainda é a participação de Lily Tomlin, que faz uma burocrata, que tenta ensinar para Clouseau o que é politicamente correto. Certamente pensando em fazer sátira, mas está muito fora do contexto do filme, e só o atrapalha.

O que também voltou é a pedra Pantera Cor-de-Rosa (assim com a panterinha em desenho animado, no começo e no fim, mas nada memorável), que agora é roubada pelo famoso Tornado, junto com outros ícones (o Sudário, o anel do Papa - por sinal, o filme brinca com ele, com certa falta de respeito, o que pode enfurecer alguns). Isso provoca a criação de um grupo de superdetetives, que tem a missão de desvendar o caso. Clouseau se junta a eles, e algumas das gags chegam a ser divertidas (como a dos vinhos num restaurante). Ou será que, por ser comédia, a gente quer rir e gostar a qualquer preço? Pode ser. O fato é que, ao voltar para casa, o filme já me parece menos ruim. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 2 de março de 2009)