Crítica sobre o filme "Sexta-Feira 13 2009":

Wally Soares
Sexta-Feira 13 2009 Por Wally Soares
| Data: 19/07/2009
Não há alma viva que desconheça o nome icônico de Jason Vorhees e o legado sanguinário que deixou nos anos 80, se prolongando ridiculamente pelos anos 90 e sendo resgatado no novo século por um pateticamente trash “Jason X†e o embate infame entre ele e outro ícone do terror: Freddy Krueger, que rendeu uma fita divertida, ainda que completamente descartável. É por esse lado que esta nova ressurreição do personagem pesa. O novo Sexta-Feira 13 ganha pontos por não se dar à ambição infundada de refilmar o primeiro filme (algo que era previsto levando em conta o título sem algarismos a mais que ‘13’), mas sim, construir uma sequência (a décima – primeira) que seja passada no século XXI. Ainda assim, são poucos os prós para que este novo massacre se distancie e se revele realmente necessário. Acaba soando mais como aquele caça-níquel que tanto temíamos, mesmo que o diretor Marcus Nispel (do horroroso Desbravadores) surpreenda pela alta dose de violência e sustos até bastante eficientes. É uma pena então que tudo soe nocivo e descartável, reciclado e até bastante implausível.

O roteiro se adequa bem ao novo século na composição dos personagens e em suas caracterizações, que nesse tipo de filme se limitam ao óbvio. O filme abre com jovens à procura de maconha e mantém se até o fim provando a futilidade da adolescência americana. E é até cinicamente prazeroso ver como alguns chegam ao seu fim. Prazeroso e nojento, a julgar pela morte, já que Nispel não poupa a audiência com uma violência gráfica intensa e mortes realmente pesadas, algumas fazendo muito jus ao primeiro filme da série. Sexta-Feira 13, em termos, entrega o que deveria. Tem suspense, cenas de terror pesadas, sustos fáceis e outros eficientes e, claro, muito sangue. Mas como cinema deixa a desejar ao se tornar gratuito e irrelevante, sem consistência, desenvoltura ou sequer alguma agenda que vai além da mera satisfação ilusória de “apenas†jorrar sangue. A certo ponto, cansa.

Trazendo consigo a única virtude da tragédia de Desbravadores, Nispel imprime em Sexta-Feira 13 um ótimo e maduro visual. Apesar da fotografia convencional, esta se torna exemplar em diversas cenas, aplicando o sombrio de forma sempre adequada. Mas se a estética prevalece, o mesmo não se pode ser dito pelo elenco, que afunda o filme numa artificialidade incômoda. Sem salvação alguma, todos os atores são inexperientes, ocos e inexpressivos, fazendo nada mais do que correr, gritar e arrumar briga uns com outros. E sim, fazer sexo ocasionalmente. Ou seja, o obrigatório. Mas talvez o que incomode mais é a postura de Jason Vorhees e a composição de seu personagem. Afinal de contas, convenhamos que o assassino não deveria ter uma composição sequer. Por todos seus 11 filmes ele se manteve na estupidez e na escravidão dos desejos de tua falecida mãe. Jason não pensa, ele age. Ele anda, mas pega quem ta correndo. É isso que ele faz. Não limpar evidências, mover corpos de lugar e se transformar em um serial killer contemporâneo. Tudo bem revitalizar a trama e os adolescentes ao novo século, mas não tem como revitalizar um doente mental com nada na cabeça e assassinato nas veias.

Então o novo Sexta-Feira 13 é uma adequada fita de terror que não passa de entretenimento nulo e barato. Seu efeito não dura nem uma noite e diverte enquanto pode – da mesma forma que provoca dores de cabeça. Afinal, mesmo com um final divertidamente cínico como aquele, não tem como esquecer os tropeços imperdoáveis de um roteiro pedestre e uma direção esteticamente preocupada mas narrativamente estilhaçada por desafios altos demais para um diretor como Nispel. O filme então torna-se uma sequência descartável e apenas “mais um†filme de terror no pedaço. Ainda que injete um tipo de sangue mais forte na veia do gênero, o sangue não é novo, e pode provocar reações alérgicas dependendo da audiência. (Wally Soares – confira o blog Cine Vita)