Pois então, depois de uma sequência terrÃvel com a ausência de Vin Diesel e um terceiro filme surpreendentemente divertido sem ninguém do elenco original, Hollywood decide apostar, como a
tagline do filme lê – em um modelo novo com peças originais – trazendo todo o elenco do primeiro (divertido) filme de volta. O longa original, de Rob Cohen, não trazia nada de novo, mas era um divertimento fácil que abraçava suas raÃzes de filme-B de ação. A sequência foi um desastre, repetindo tudo do anterior e abraçando a pretensão. Já o terceiro foi uma inspirada (ainda que falha) abordagem do tema. Trazendo ninguém do elenco original, a história foi pro Tóquio e divertiu pelo clima. Agora, com o comando de Justin Lin (o mesmo do terceiro), a bagatela de um orçamento de $85 milhões e todas as peças originais, voltamos ao mundo (e aos personagens) que almejaram nos divertir oito anos atrás. Dá certo? Não. Mesmo trazendo a equipe de atores que fez o primeiro dar certo e os cineastas (diretor e roteirista) que fizeram do terceiro capitulo o melhor, esta empreitada da série não funciona. A meu ver, o espÃrito da coisa se perdeu e, espelhando o que ocorreu na primeira sequência, o dinheiro falou mais alto.
Existe um motivo muito simples de
Velozes e Furiosos ter chego, oito anos depois, em seu quarto capÃtulo: a rentabilidade. Se não fosse uma franquia financeiramente bem sucedida, não teria chegado aqui. Então, depois que o terceiro filme teve um sucesso bem moderado, perceberam que a força da franquia residia nos personagens originais, e chamaram a trupe de volta apostando alto. O próprio Paul Walker admitiu,
em entrevista que pode ser lida aqui, que as filmagens eram intimidantes e que o grande orçamento estava sendo gasto bem rápido (CGI em excesso, claro), os evitando de optarem por regravações. O que Justin Lin fazia, então, quando uma tomada não saia como queria? Continuava. E tudo porque é mais importante gastar dinheiro com efeitos, corridas e explosões, do que em tempo para aperfeiçoamento. Mas os problemas do filme vem desde o frÃvolo roteiro, que passa por todos os mesmos óbvios caminhos e cansados clichês. Os diálogos, então, são dolorosamente ruins. O filme é, portanto, uma obra que fede à caça-nÃquel. Seu ar burocrático é incontestável - mesmo quando nota que os atores parecem se divertir voltando a seus personagens. E, tirando um ou outro momento, a diversão se limita à quilo. Grande parte das vezes, o filme – em suas grandes sequências de corrida – soa como um vÃdeo-game. E um em que você nunca pode jogar.
A história é a seguinte – depois que um roubo dá errado, Dom (Vin Diesel) deixa Letty (Michelle Rodriguez) temendo repercussões. As consequências são trágicas e Dom logo se vê tendo que se juntar novamente com Brian (Paul Walker), que está trabalhando para o FBI e anda atrás do mesmo homem que Dom. Os dois terão então que colocar a rivalidade para trás, incluindo os problemas com Mia (Jordana Brewster), e cumprirem seus papéis. Ousado, não? Ironias à parte, a trama batida do filme poderia ter funcionado caso o clima do original ou a inspiração do terceiro tivessem permanecido. Mas o dinheiro deve ter assustado ambos elementos. O máximo que temos então são sequências de ação exageradas e que podem (ou não) divertir. Depende de seu humor e tolerância. Mas tem uma que adorei, logo no inÃcio, e que os produtores editaram como o primeiro trailer do projeto, sabendo o quanto era boa. A cena é bem editada e é autenticamente "B", com todos os méritos. É uma pena que os atributos à ela referentes evaporam logo depois que os créditos iniciais abrem o filme.
O elenco não consegue ajudar. O dinamismo da quÃmica entre os personagens de Diesel e Walker está lá, mas os atores estão tão caricatos que não envolvem ou nos fazem importar pelo destino de seus personagens. Principalmente Vin Diesel, que acha que consegue compensar sua falta de emoção como ator com músculos e diálogos (teoricamente) bem humorados. Coitado. Jordana Brewster não consegue atuar nem se sua vida dependesse disto, e Rodriguez precisa voltar para "Lost" porque é a única produção na qual acertou. Em outras palavras, de que adianta trazer o elenco original de volta se eles não valem para muita coisa? Ah sim, esqueci, são por causa deles que este se tornou o capÃtulo mais bem sucedido de toda a franquia.
Não é rancor, ou implicância. Uma vez ou outra, é válido relaxar e aproveitar um filme que pode não ter valor artÃstico mas tenha entretenimento por debaixo das mangas. O problema é que
Velozes e Furiosos 4 não conseguiu me proporcionar este requerimento mÃnimo, e irritou ou tentar almejar realizar este feito sem que tenha uma verdadeira idéia ou afeição em desenvolvimento. É um produto oco e burocrático, até seu último fio de cabelo. Claro, existem aqueles (muitos) que não querem saber de idéias ou afeição. Se você é este, e adora um vÃdeo-game ou uma ação gratuita, então o brucutu
Velozes e Furiosos 4 é a diversão ideal. Se o projeto ainda arruma tempo para uma cena lésbica, então é um derradeiro filme de "macho"! Só não me digam que é cinema.
(Wally Soares – confira o blog Cine Vita) .
Estão novamente juntos os quatro atores centrais - não dá para chamar exatamente de astros - do primeiro Velozes e Furiosos (2001), inclusive Vin Diesel, que acabou frustrado em sua tentativa de provar que era um ator sério, e resolveu voltar a ganhar dinheiro como action star. Estranhamente, é até simpático vê-los reunidos, mesmo que seja num filminho com cara de ‘B’, com trama banal de vingança, onde ninguém tem muita chance, em particular a sempre masculina Michelle Rodriguez, que é morta depois de alguns minutos, o que vem a desencadear a história de vingança.
Antes disso, à moda de James Bond, temos um prólogo completamente inverossÃmil, mas eletrizante, que mostra que Vin e Michelle, mais novos capangas, estão na América Latina roubando gasolina de carros tanques em movimento (mais uma contribuição, para melhorar o nÃvel de nossos ladrões de estradas). Uma parte é muito bem realizada, outra absurda, mas o que derruba a sequência são os efeitos especiais, visuais, que resultam falsos, com jeito de desenho animado.
Também deixa a gente com orelha em pé, porque no caso Diesel - ou Dom Toretto -, tinha se tornado totalmente bandido, fora da lei. Mas, quando vai atrás dos mexicanos que mataram Michelle/Letty, a situação muda um pouco de figura: logo se une a ele Brian (Paul Walker), o antigo amigo e agente do FBI, que reencontra a irmã de Don, Mia (Jordana Brewster), filha de brasileira. Eventualmente, todos trabalham juntos contra o inimigo comum, que é um promotor de corridas ilegais, um mexicano que utiliza túneis secretos, através de montanhas do deserto, para sua missão de fazer tráfico de drogas (ele primeiro seleciona os motoristas, e depois utiliza os melhores no tráfico, se bem que seus planos, pensando bem, não têm muita lógica porque seriam logo descobertos. Pena que não possa explicar mais).
Enfim, o filme tem bastante correria, perseguição, tecnicamente é competente, o elenco esta à vontade, falando aquelas frases de boca cheia. Não passa de fitinha, conduzida pelo mesmo Justin Lin que fez o filme anterior, aquele de Tóquio (que era mais absurdo ainda que este).
Para consumir rápido e esquecer, caso seja fã. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 13 de abril de 2009)