Crítica sobre o filme "300":

Jorge Saldanha
300 Por Jorge Saldanha
| Data: 15/08/2009

Co-roteirizado e dirigido por Zack Snyder (o mesmo diretor do ótimo MADRUGADA DOS MORTOS e da recente versão para o cinema de WATCHMEN), e combinando ação ao vivo com cenários virtuais, 300 dividiu a crítica mas foi um grande sucesso junto ao público, que não se importou com as liberdades históricas tomadas por Miller e nem com o visual estilizado, que muitas vezes recriava fielmente os desenhos da HQ. Violentíssimo, com os espartanos de torso nu (eles eram tão bons que não precisavam usar armaduras!) bradando falas heróicas clichês, 300 se tornou um dos melhores filmes de entretenimento a aportarem na tela em anos.

E razões para isso existem de sobra – as cenas de ação são espetaculares, filmadas com um uso inovador da câmera lenta que ressalta o sangue e a mutilação; os efeitos de computação gráfica, que materializam na tela cenários virtuais e exércitos que parecem saídos do inferno, são fantásticos; o elenco masculino, em forma física invejável, é extremamente competente (e Santoro como Xerxes, comparações com Clóvis Bornay à parte, é uma atração à parte para os brasileiros); a trilha musical de Tyler Bates, que complementa energicamente a mistura de adrenalina, testosterona e sangue que esguicha da tela com riffs de guitarra elétrica; e por aí vai.

Sim, 300 é um filme de ação basicamente dirigido ao público masculino, com sua violência absurdamente exagerada à la KILL BILL, mas que acabou também conquistando as mulheres (e afins), provavelmente fascinadas pelos corpos masculinos sarados que desfilam na tela. Para os homens há Lena Headey (que posteriormente fez a série de TV TERMINATOR: THE SARAH CONNOR CHRONICLES) interpretando Gorgo, a esposa de Leônidas. Bela e talentosa atriz, ela roubou todas as cenas em que apareceu. Butler, ator que por muito tempo esteve relegado a papéis secundários em produções duvidosas, surpreende como Leônidas, dotando seu personagem de toda a força, determinação e coragem que se esperaria do Rei de Esparta.

Aliás, o elenco de um modo geral se saiu muito bem, considerando que o filme foi praticamente todo filmado num grande depósito de Montreal, na frente de uma enorme tela azul. Miller, co-produtor do filme, estava tendo sorte com suas últimas incursões no cinema até chegar no decepcionante SPIRIT, que dirigiu em 2008 chupando o estilo visual de SIN CITY. Mas aqui Zack Snyder fez uma adaptação inteligente da sua graphic novel, que já trazia as alardeadas "liberdades históricas" vistas no filme que, afinal de contas, não deve mesmo ser muito levado à sério. Por outro lado, ele aborda aspectos verídicos da sociedade espartana, que colaboram para dar alguma veracidade aos eventos que se desenrolam. Mas enfim, 300 é um épico moderno que, sob vários aspectos, é melhor que o aclamado GLADIADOR por não se levar demasiadamente a sério. Palmas para Snyder, que soube achar o tom certo para seu filme.