Crítica sobre o filme "Californication - Segunda Temporada":

Jorge Saldanha
Californication - Segunda Temporada Por Jorge Saldanha
| Data: 04/09/2009

Desde já, esclareço: CALIFORNICATION, mais um exemplo que comprova a tese de que o melhor das séries norte-americanas é produzido para os canais pagos, em sua segunda temporada (também com apenas 12 episódios de 30 minutos) continua sendo um dos programas mais divertidos e transgressores da TV. E David Duchovny consagra-se como um caso raro – um ator que consegue criar não um, mas dois personagens clássicos da telinha – Fox Mulder de ARQUIVO X e Hank Moody de CALIFORNICATION. Mas presumo, já que ano passado Duchovny teve de se internar numa clínica para reabilitação de viciados em sexo, que o ator tenha muito mais em comum com seu atual personagem do que com o de ARQUIVO X.

Bem, tive que fazer o esclarecimento inicial porque, após o final feliz da primeira temporada, aparentemente reinaria a paz para Hank, Karen e Becca, e a série pura e simplesmente perderia sua razão de ser. Mas felizmente para nós, espectadores, Hank não nasceu para ser um simples pai de família, apesar de se esforçar para manter um relacionamento sério com Karen, e logo o personagem retorna ao seu comportamento “conturbadoâ€. O programa é tão bem escrito que os espectadores compreendem perfeitamente o comportamento de Hank, que nesta temporada conhece um sujeito que está à sua altura - Lew Ashby (Callum Keith Rennie, o Leoben de BATTLESTAR GALACTICA), famoso produtor musical que lhe pede que escreva sua biografia. Este relacionamento inicialmente profissional pouco a pouco evolui para uma grande amizade, e Hank e Lew, que leva um estilo de vida típico de uma celebridade de Hollywood, logo estão em plena farra. A interação dos dois personagens é perfeita e a química que vemos na tela entre eles reflete a amizade dos atores na vida real – tendo já atuado em ARQUIVO X, Rennie foi convidado pelo próprio Duchovny para participar de CALIFORNICATION.

Já Runkle (Evan Handler), o agente de Hank, tem uma ótima sub-trama que o leva a separar-se da esposa Marcy (Pamela Adlon, a sempre engraçada “Smurfetteâ€) e ele acaba parando no mundo pornô, graças à cliente e nova namorada Daisy (Carla Gallo). Esta temporada também traz Angus MacFadyen como Julian, uma espécie de guru que é o companheiro de uma mulher que Hank pode ter engravidado (a hilária resposta para este mistério chega no ultimo episódio), e a ainda bela Mädchen Amick (TWIN PEAKS) como a ex-esposa de Lew que, como não poderia deixar de ser, acaba se interessando por Hank. Colocando tudo na balança, a primeira temporada de CALIFORNICATION ainda leva alguma vantagem em função da originalidade que trouxe às comédias televisivas. Mas esta segunda temporada soube manter o padrão dos roteiros e preservar as características do personagem principal, que consegue ser ao mesmo tempo um sujeito safadíssimo e um pai dedicado. O final doce-amargo desta temporada é promissor, levando a um potencialmente ótimo terceiro ano.