Crítica sobre o filme "Dexter - 1ª e 2ª Temporadas":

Jorge Saldanha
Dexter - 1ª e 2ª Temporadas Por Jorge Saldanha
| Data: 16/10/2009

DEXTER é mais uma ótima série do canal pago Showtime, baseada numa série de livros do escritor Jeff Lindsay sobre Dexter Morgan – fictício perito da polícia de Miami especializado na análise dos restos de sangue encontrados nos locais dos crimes. A ótima primeira temporada baseia-se no livro inicial de Lindsay, “Darkly Dreaming Dexterâ€, e revela que o aparentemente pacato Dexter é um serial killer com noções únicas do comportamento social, e que escolhe suas vítimas entre os assassinos que a Justiça não alcança. Conforme aprendemos com o próprio Dexter, cujos pensamentos ouvimos durante os episódios, ele é um “monstroâ€, incapaz de qualquer emoção que não seja satisfazer seus desejos de matar. Seu comportamento socialmente correto, e aí se inclui o namoro com a doce (mas também problemática) Rita (Julie Benz) e demais atitudes típicas de uma pessoa normal, servem apenas para que não levante suspeitas e possa assim continuar a fazer a única coisa que lhe dá prazer – matar. No entanto, devido ao código moral e ao treinamento imposto por seu falecido padrasto (James Remar, visto sempre em flashbacks), que também era policial em Miami e conhecia os impulsos do rapaz, Dexter não mata pessoas inocentes, apenas criminosos.

Já na segunda temporada temos uma trama original, totalmente criada pelos roteiristas da série e ainda mais focada em Dexter. Nosso distorcido herói começa a questionar suas atividades ocultas, se vê desenvolvendo sentimentos sinceros em relação a Rita e seus filhos, um forte desejo sexual pela exoticamente bela Lila (Jayme Murray) e até mesmo piedade por suas vítimas. E se o mistério policial da temporada anterior era o “Assassino do Caminhão de Gelo†(que possuía uma forte vinculação com o passado de Dexter), dessa vez o centro das investigações passa a ser os crimes cometidos pelo próprio Dexter, a partir da descoberta dos corpos de suas vítimas, esquartejados, ensacados e despejados no mar. Além da vigilância e suspeitas do Sargento Doakes (Erik King), a vida de Dexter se complica com a chegada do notório agente do FBI Lundy (Keith Carradine), que recruta para sua equipe de investigações a própria irmã do protagonista, Deb (Jennifer Carpenter). Como se tudo isso não bastasse, a inglesa Lila se revela uma femme fatale capaz das maiores loucuras para não perder Dexter.

O programa, desde seu início, revira as noções do Bem e do Mal ao colocar como herói um assassino em série, e na segunda temporada ele aprofunda o assunto ao discutir a reação de apoio da população às atividades justiceiras do “Açougueiro de Bay Harborâ€. Uma das melhores séries da TV atual, ousada, provocante e bem-humorada, conduzida por um desempenho memorável de Michael C. Hall, DEXTER – que nos EUA já está em seu quarto ano, ainda sem previsão de estreia no Brasil pelo canal pago FX - merece ser conhecida.