Crítica sobre o filme "Normais 2, Os - A Noite Mais Maluca de Todas":

Eron Duarte Fagundes
Normais 2, Os - A Noite Mais Maluca de Todas Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 17/12/2009

José Alvarenga Jr. é um diretor de cinema que sabe o que quer. Os normais 2: a noite mais maluca de todas (2009) é uma sequência natural de sua filmografia onde alguns filmes interpretados pelos comediantes televisivos Trapalhões e o recente Divã (2009) são característicos e indicam sua tendência ao popularesco. Os normais 2 não engana ninguém: as discussões sobre a crise do relacionamento de um casal brasileiro (ou carioca?) são bastante rasteiras, buscam a comicidade fácil e o objetivo é mesmo, mais que qualquer reflexãozinha (por menor que seja), atingir o chamado grande número das salas de cinema.

Mas é verdade que o riso primitivo, simplório funciona. O roteiro pode ser dispersivo e disparatado e a direção pode ser sem inspiração ou novidade. Mas há uma harmonia de elenco que permite esta comunicação fácil com a plateia. Luiz Fernando Guimarães, Claudia Raia, Danielle Winits, Drica Moraes, Danielle Suzuki, Mayana Neiva (seus equívocos em francês não deixam de ser divertidos, apesar da previsibilidade dos trocadilhos entre o português e o francês) e Alinne Moraes, apesar de seus estereótipos interpretativos, cumprem bem com sua função em cena. Mas a musa de minha admiração continua a ser Fernanda Torres; ela permanece uma grande atriz, embora eu tenha uma queda hipnótica por seus desempenhos mais antigos, como o que ela fez, ainda menor de idade, em Inocência (1982), de Walter Lima Jr.; de Fernanda, eu tenho uma evocação particular de que sempre me lembro quando a vejo na tela e agora divido com os leitores deste espaço.

(Dava-se o filme de abertura do Festival de Cinema do Rio de 1986, no Hotel Nacional: exibiriam Minha adorável lavanderia, 1985, do inglês Stephen Frears. A fila era bastante grande e eu lá estava. Conversava com uma jovem cinéfila carioca. Senão quando minha interlocutora me bateu no ombro e apontou para alguém uns quatro lugares atrás de nós, murmurando ironicamente “olha a atriz Fernanda Torres numa fila”. Perdi o que falava com a jovem interlocutora, perdido de emoção à vista duma intérprete que sempre me encantava na tela. Não durou muito: num rápido desvio de olhos, Fernandinha já não estava ali, fora retirada, não a vi mais. Perdi a oportunidade de me aproximar dela... Tímido, não sendo um escritor de televisão, hesitei naqueles breves minutos e não ousei chegar-me a Fernanda Torres. Paralisia, momento escapado. Mas uma imagem forte na memória: eu ali e uma jovem Fernanda Torres a alguns passos de mim...)

E, voltando ao filme, pode-se mesmo afirmar que se nada mais der certo no cinema brasileiro, resta a normalidade do público numa realização de Os normais 2.