Crítica sobre o filme "Torchwood – 1ª Temporada":

Jorge Saldanha
Torchwood – 1ª Temporada Por Jorge Saldanha
| Data: 05/04/2010
TORCHWOOD é uma spin off mais adulta e violenta da célebre série sci fi britânica da BBC DOCTOR WHO e foi criada por Russel T. Davies, não por acaso o cérebro por trás das quatro temporadas iniciais da atual versão das aventuras do Senhor do Tempo, que está em sua quinta temporada. Foi nela que tomamos conhecimento da organização cujo nome é um anagrama de “Doctor Who†(Torchwood / Doctorwho) e, principalmente, foi lá que foi introduzido o carismático personagem Capitão Jack – um agente temporal renegado do século 51 que se junta às aventuras do Doutor e que no episódio final da primeira temporada, “The Parting of the Waysâ€, morre no ano de 200.100 mas é ressuscitado por Rose Tyler (Billie Piper), quando possuída pelos poderes do Time Vortex.

Voltamos a encontrar Jack no primeiro episódio de TORCHWOOD, na atualidade, quando ele já está no comando da equipe de Cardiff. Mas como Jack chegou ao presente? Como ele se tornou imortal? Estas e outras perguntas são levantadas na primeira temporada da série, e se você quiser saber a resposta de algumas é bom também assistir DOCTOR WHO. Mas mesmo que não o faça, poderá acompanhar TORCHWOOD sem maiores problemas, já que a proposta da spin-off é um tanto diferente (apesar de ambas as séries eventualmente intercambiarem personagens). Fã declarado de BUFFY, A CAÇA VAMPIROS, Russel T. Davies, além de umas óbvias pitadas de ARQUIVO X, busca claramente inspiração na série de Joss Whedon – no lugar de Sunnydale e sua Boca do Inferno, temos Cardiff e sua Fenda. E para ser mais explícito, na segunda temporada foi introduzido o personagem recorrente Capitão John, ex-companheiro de aventuras de Jack interpretado por James Marsters, que em BUFFY era o vampiro Spike. Além disso, como BUFFY foi a primeira série de ficção e fantasia a apresentar um relacionamento homossexual (lésbico, para ser preciso), em TORCHWOOD a coisa vai mais longe - liderados pelo “omnisexual†Jack, que dá em cima de mulheres, homens e alienígenas, os personagens fazem muito sexo sem se importar com o gênero do parceiro.

Aliás Davies, homossexual assumido, conseguiu a façanha de, na mais familiar DOCTOR WHO, mostrar dois caras se beijando (o Doutor e Jack) e depois, em TORCHWOOD, fazer o conservador público britânico progressivamente aceitar numa boa mulheres se agarrando e barbados in love. Mas TORCHWOOD também mostra sexo heterossexual e muita violência explícita, já que é exibida na Inglaterra num horário em que as crianças fãs de DOCTOR WHO já estão (em tese) dormindo, o que levou a Log on a classificar a série como imprópria para menores de 18 anos. No Brasil, onde o canal pago P+A exibiu apenas a primeira temporada, ridiculamente as cenas mais ousadas dos episódios eram cortadas. O episódio inicial, “Tudo Mudaâ€, é similar ao primeiro episódio da nova versão de DOCTOR WHO, “Roseâ€, já que história e personagens orbitam em torno de uma personagem feminina – no caso, Gwen Cooper, a policial que descobre os segredos de Torchwood 3 e que passará a ser membro da equipe liderada por Jack: o médico Owen Harper (Burn Gorman), a especialista em tecnologia Toshiko Sato (Naoko Mori) e o faz-tudo Ianto Jones (Gareth David-Lloyd).

Esta primeira temporada apresenta episódios muito bons como “Mundos à Parte â€, “A Violenta Vida do Campo†(este uma espécie de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA no interior da Inglaterra), “Presente de Gregoâ€, “Capitão Jack Harkness†e “Juízo Final†(o final da temporada, que no entanto quase compromete a proposta mais adulta da série). Também tem os ruins “A Andróide†(muito trash – imagine uma Cyberwoman de biquíni dando socos num pterodáctilo, entre outras coisas) e “Quando eu Morriâ€; os restantes variam do bom ao regular. TORCHWOOD, em sua primeira temporada, ainda estava buscando a dosagem certa de sua receita, e entre erros e acertos achou seu público. A excelente terceira temporada foi exibida ano passado pela BBC e teve apenas uma história dividida em cinco episódios, intitulada “Children of Earth†- que na minha opinião foi das coisas mais ousadas e radicais que já vi numa série sci fi em muitos anos. Comenta-se que a quarta temporada será produzida nos EUA, em parceria com a Fox. Se isso de fato ocorrer, tomara que o resultado não seja um remake inferior, nos moldes do que ocorreu com LIFE ON MARS.