Crítica sobre o filme "Zumbilândia":

Jorge Saldanha
Zumbilândia Por Jorge Saldanha
| Data: 25/05/2010
Comédias de gênero já são uma tradição no cinema, e até recentemente as de zumbis eram muito escassas, limitando-se a produções obscuras e totalmente trash. Uma honrosa exceção era A VOLTA DOS MORTOS VIVOS, que Dan O´Bannon dirigiu em 1985 - trash sim, mas com um bom nível de produção e sacadas inteligentes de roteiro. Em 2003 foi a vez de TODO MUNDO QUASE MORTO, a abordagem humorística inglesa dos zumbis que revelou o ator Simon Pegg, infelizmente lançado no Brasil apenas em DVD. E finalmente em 2009 tivemos este ZUMBILÂNDIA, um cult instantâneo que fez sucesso nos EUA mas passou meio que batido no exterior - este passou nos cinemas daqui, mas teve pouquíssima divulgação.

Em ZUMBILÂNDIA os zumbis não são mortos que voltaram à vida, mas como em EXTERMÃNIO, pessoas contaminadas por um vírus que as transformou em canibais furiosos. O filme é narrado por Columbus (Eisenberg, de FÉRIAS FRUSTRADAS DE VERÃO), que sobreviveu à praga graças a regras que são gráfica e hilariamente mostradas ao espectador. Em sua jornada pelos EUA devastado e dominado por zumbis, o rapaz encontra o casca-grossa Tallahassee (Harrelson, de O MENSAGEIRO), que se considera um expert em exterminar os monstros. Como nos melhores "filmes de parceiros" suas diferenças inicialmente geram conflitos, mas não demora para que surja uma forte camaradagem entre eles. Ambos encontram uma outra dupla, as irmãs trambiqueiras Wichita (Emma Stone, de SUPERBAD) e Little Rock (Abigail Dreslin, de PEQUENA MISS SUNSHINE), que sobrevivem às custas de golpes aplicados nas outras poucas pessoas ainda não contaminadas.

A base da trama é a interação entre Eisenberg e Harrelson, o que não exclui boas cenas deles com as garotas - as de Tallahassee e Little Rock são particularmente divertidas, e temos o inevitável romance entre Columbus e Wichita. O casal, aliás, dá uma sensação de "SUPERBAD com zumbis" ao filme - ao contrário de Emma Stone, Eisenberg não estava na comédia de Greg Mottola, mas ele é bem parecido com Michael Cera. O roteiro, escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, foi concebido na forma de um piloto de TV, e isso se reflete no longa. O quarteto não possui um destino pré-definido, vivendo suas aventuras em situações episódicas que irão culminar no confronto do Parque de Diversões. Mas o grande momento do filme acontece antes, quando eles chegam a Hollywood e lá encontram Bill Murray, de OS CAÇAFANTASMAS - astro e filme preferidos de Tallahassee. Mais não dá para contar, para não tirar a graça e a surpresa do segmento.

Com uma ótima direção do estreante Ruben Fleischer, um pequeno e afiado elenco onde se sobressai Harrelson, um nível de produção que não revela seu baixo orçamento e um bem equilibrado mix de horror e humor, ZUMBILÂNDIA é obrigatório para os fãs tanto dos dois gêneros. É diversão garantida!