Crítica sobre o filme "Resgate do Soldado Ryan, O":

Jorge Saldanha
Resgate do Soldado Ryan, O Por Jorge Saldanha
| Data: 03/07/2010
Se algum problema há em O RESGATE DO SOLDADO RYAN (SAVING PRIVATE RYAN, 1998) é o pieguismo da situação-base do roteiro de Robert Rodat, onde um pelotão de soldados é enviado para a missão praticamente suicida de localizar na França ocupada pelos nazistas um paraquedista perdido, a fim de evitar que sua mãe sofra com a perda do último dos seus filhos. Superado isto, contudo, temos quase três horas nas quais o diretor Steven Spielberg, no auge de sua perícia como cineasta, realiza o que é para muitos o melhor filme de guerra já feito. Opiniões à parte os 20 minutos iniciais do longa são antológicos, ainda hoje atingindo o espectador de forma raramente vista. Esbanjando virtuosismo técnico e filmando de forma ao mesmo tempo crua, realista e estilizada, o diretor nos coloca no meio do desembarque das tropas ianques na Praia Omaha, com a câmera de Janusz Kaminski captando de forma praticamente documental imagens chocantes que mostram a verdadeira - e brutal – face da guerra.

Passada essa arrasadora introdução o filme entra em um terreno mais convencional, exaltando a retidão e o senso de cumprimento de dever do Capitão Miller (uma das melhores atuações de Tom Hanks), enquanto ele leva a cabo sua missão mesmo sob o protesto de seus comandados. O filme atinge seu ápice dramático quando Miller e o que restou do seu pelotão finalmente encontra Ryan que, juntamente com outros paraquedistas, está posicionado para defender uma ponte prestes a ser atacada por um grande contingente alemão. Mesmo depois de ser informado da morte dos irmãos, Ryan se recusa a abandonar seu posto, e Miller vê-se obrigado a escolher entre retornar sem cumprir sua missão, ou ficar e ajudar os paraquedistas. Ele obviamente opta pela segunda opção, e horas depois de montarem uma estratégia de defesa eles se encontram sob o pesado ataque de vários blindados alemães e de soldados da infantaria.

Secundando Hanks no elenco estão alguns veteranos (Tom Sizemore, Ted Danson) e novatos cujos rostos posteriormente tornaram-se conhecidos tanto no cinema como na TV – Matt Damon, Vin Diesel, Edward Burns, Barry Pepper, Adam Goldberg, Giovanni Ribisi e Jeremy Davis. O filme conquistou cinco Oscars, inclusive o de Melhor Diretor, e forma com os dramas da Segunda Guerra Mundial IMPÉRIO DO SOL (EMPIRE OF THE SUN, 1987) e A LISTA DE SCHINDLER (SCHINDLER’S LIST, 1993) uma admirável trilogia onde o diretor expressa seu grande interesse pelo tema. Para a TV Spielberg co-produziu com Tom Hanks para a HBO a excelente minissérie BAND OF BROTHERS (2001) e a recente THE PACIFIC (2011), que seguem a trilha aberta por O RESGATE DO SOLDADO RYAN – filme indispensável para quem aprecia a obra do diretor e os grandes filmes do gênero.