Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/07/2010
Foi o primeiro lançamento importante deste ano nos EUA e teve razoável carreira de bilheteria. Orçamento de US$ 80 milhões de dólares (R$ 140,8 mi) e rendeu US$ 93 milhões (R$ 163,68 mi). Ou seja, não se pagou. O problema é simples: é daqueles filmes que se explicam pela sequência final (não que seja assim tão surpreendente). Não tem jeito de comentar o filme sem, ao menos, dar uma dica do conteúdo.
Na verdade, juntamente com Um Sonho PossÃvel, que por acaso, também estreou na mesma semana, é daqueles surgidos depois de A Paixão de Cristo, do Mel Gibson, endereçados ao público cristão. Isto é, por trás de uma embalagem de filme de ação, uma espécie de western-pós-apocalÃtipico (um subgênero surgido depois de Mad Max), se esconde uma mensagem que só vai funcionar para os que acreditam.
Pelo jeito, Denzel Washington é um deles, já que se empenhou para o que o filme desse certo, marcando o retorno dos Irmãos Hughes, nove anos depois de Do Inferno. Ele faz o herói chamado Eli, que resiste sozinho pelas estradas devastadas de um mundo após o apocalipse, sem muitas esperanças, a não ser sobreviver, enfrentando grupos armados de vigilantes perigosos. Ele é o contrário do parecido A Estrada, com Viggo Mortensen, que tem temática semelhante, só que levada como tragédia. Aqui, a ênfase é na aventura, nos tiroteios e reviravoltas, quase como um faroeste italiano (mas ambos são decididamente filmes de estrada).
Eli tem a convicção dada por uma misteriosa voz interna (que não vemos) que ele deve caminhar em direção ao oeste levando esse seu livro de estimação (só ao final é que ficaremos sabendo do que se trata), com dificuldades e sabendo lutar (também não revelo detalhes dele). Ele enfrenta principalmente um bandido que domina uma cidadezinha fantasma e que deseja esse livro a qualquer custo (quem faz o papel é o sempre interessante Gary Oldman, um ator subestimado). Este bandidão manda uma moça se aproximar dele (papel de Mila Kunis, de Max Payne, Ressaca do Amor, que desta vez não me convenceu) enquanto a mãe da moça (feita por Jennifer Beals, de Flashdance) também dá olhares significativos (embora seja cega).
É por aÃ. O filme ganha contornos mitológicos ao final e deve agradar a quem estiver disposto a isso. Os outros terão a presença sempre confiável de Denzel, bastante ação e as figuras mais divertidas do filme, um casal de velhos (ingleses) feitos por Michael Gambon e Frances de La Tour, que vivem de receber hóspedes e depois comê-los (quase como João e Maria!). Pena que o resto do filme não tenha mais momentos bem-humorados como esse. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos. Rubens tem um blog exclusivo no portal R7)