Crítica sobre o filme "Outlander: Guerreiro vs. Predador":

Jorge Saldanha
Outlander: Guerreiro vs. Predador Por Jorge Saldanha
| Data: 21/07/2010
Filmes de Vikings têm sido nos últimos anos sinônimos de fracasso, e com este OUTLANDER – GUERREIRO VS. PREDADOR (OUTLANDER, 2008), a história se repetiu. A diferença é que ele adiciona um elemento de ficção científica a uma trama claramente inspirada na lenda do herói nórdico Beowulf – vista nas telas pela última vez na animação 3D BEOWULF, de Robert Zemeckis (também um fracasso de bilheterias). Com uma trama previsível e recursos de produção medianos, mas bem empregados, OUTLANDER, do diretor e co-roteirista Howard McCain, foi lançado nos cinemas da América do Norte praticamente sem divulgação, e ano passado foi distribuído diretamente em DVD e Blu-ray no Brasil. Visto sem maiores pretensões, ele se revela uma boa diversão para quem gosta de cenas de ação e violência com efeitos visuais que, se não são de ponta, também não possuem o (baixo) nível das produções similares.

No ano 709 D.C. uma espaçonave alienígena cai nos fiordes da Noruega, e o soldado Kainan (Jim Caviezel, de A PAIXÃO DE CRISTO) pensa ser o único sobrevivente. Mas ao encontrar uma aldeia devastada, Kainan percebe que ela foi atacada por um temível predador que também estava a bordo. Capturado pelo guerreiro Wulfric (Jack Huston), o alienígena de aparência humana é levado à presença do Rei Rothgar (John Hurt, de ALIEN) e é considerado responsável pela destruição e morte dos aldeões. No entanto, quando o líder rival Gunnar (Ron Perlman, de HELLBOY) acusa Rothgar de massacre semelhante em seus domínios, eles percebem que Kainan fala a verdade quando diz que é a fera conhecida como Moorwen a responsável pelos ataques. Kainan é inocentando e passa a conquistar a confiança do Rei e de sua filha Freya (Sophia Myles), unindo-se aos Vikings para caçar o formidável inimigo.

Esta mistura de BEOWULF com PREDADOR estaria irremediavelmente perdida se o monstro Grendel, quero dizer, Moorwen, não fosse convincente – e felizmente este não é o caso. De início pouco vemos da criatura, no máximo a luz púrpura que emite antes de atacar suas presas. Quando ela finalmente se revela por inteiro, vemos que se assemelha a uma versão menor e quadrúpede do Godzilla levado às telas em 1998 por Roland Emmerich – não por acaso, ambas as criaturas foram criadas pelo especialista Patrick Tatopoulos. Os efeitos visuais em sua maior parte são muito bons, dado o orçamento limitado do filme. Destacam-se em especial os flashbacks da destruição do mundo natal dos Moorwens, que nos dão uma outra compreensão sobre as criaturas.

O elenco também ajuda a fazer com que OUTLANDER não seja uma produção esquecível. John Hurt interpreta com altivez o Rei Rothgar, e Caviezel se sai bem na pele do herói Kainan. Myles faz o contraponto aos personagens dominantes masculinos, tornando sua personagem algo mais do que o simples interesse amoroso do herói. Huston, por sua vez, não compromete como o antagonista carismático que, aos poucos, torna-se amigo de Kainan. Tivesse OUTLANDER um roteiro mais inventivo poderia, ainda que tardiamente, tornar-se um daqueles clássicos ou cults subestimados quando de seu lançamento. Mas como não tem, deve ser visto como uma boa aventura sci fi classe B que, para os fãs do gênero, vale pelo menos uma locação.