Crítica sobre o Blu-ray "PlayArte - 92 Min." do filme "Dupla Implacável":

Edinho Pasquale
Dupla Implacável Por Edinho Pasquale
| Data: 19/08/2010
Não é de hoje que reclamamos das distribuidoras independentes, que inúmeras vezes lançam filmes por aqui com uma clara falta qualidade. Não que seja exclusividade delas, as chamadas “majors†também cometem erros, mas não são raras as chamadas “mutilações†das edições nacionais. E nem estou falando da menor quantidade ou ausência de material extra e sim de cortes de imagem, ou seja, deixamos de assistir um “pedaço†do filme. Explico: para quem ainda não se acostumou com o formato widescreen (sim, o das TVs “fininhasâ€), é bom saber que existem proporções de tela diferentes. Quando os filmes são assistidos nas TVs convencionais, a proporção é a de 1.33:1. O formato básico da TV wide é 1.78:1 (por vezes 1.85:1, a diferença é mínima). Isto faz com que um filme em wide tenha “barras pretas†acima e abaixo da sua TV convencional. A (quase) totalidade dos filmes atuais tem este formato, que, quando adaptados para a TV convencional, há um corte nas laterais do filme original para preencher a tela 3x4 (1.33:1). Isto até era justificável pelo tamanho das telas disponíveis das TVs convencionais, cujo tamanho máximo, salvo (caras) exceções), não passavam de 29 polegadas. Como a maioria das TVs vendidas hoje são em wide e de 32 polegadas pra cima, se tem mais “tela†para exibição da imagem (atenção, não vou complicar mais ainda, mas 32 polegadas em wide equivalem a 29 convencionais, mas com mais imagem nas laterais). E o normal é 42 polegadas, além de uma melhora ainda maior pois além do tamanho há mais “pontos†na tela (resolução). Simplificando: os filmes atuais de cinema preenchem a tela das TVs atuais, exceto quando são filmados com uma proporção um pouco diferente, 2.35:1. Pois bem, novamente temos aí uma diferença, agora falando só de formato wide. Esta proporção 2.35:1 é mais “larga†que a TV wide, portanto, para “caber†na tela sem os cortes laterais, aparecem as tais “barras pretas†acima e abaixo. Mas como foi explicado, isto não causa transtornos para a visibilidade, pois a qualidade é bem superior (número de pontos da tela, a tal resolução).

Finalizando, este blá blá blá tem com o início do texto? As tais distribuidoras independentes muitas vezes cortam esta imagem do filme, como faziam no início, para preencher a tela. E aqui acontece a mutilação, agora em Blu-ray, que tem ainda mais pontos e seu corte além de desnecessário pode implicar em falta de qualidade. E é com pesar que tanto texto é para explicar que a estréia da PlayArte no formato BD é quem também inaugura este descaso, este acinte. Para os mais técnicos, mais agravantes: a edição de camada simples (BD25 usa apenas 17Mb para a imagem, com bitrate médio de 19.999kbps, menos que o dobro da capacidade real do BD com relação ao DVD, que poderia ter até 6 vezes).

Além do que já foi comentado, como o tal corte de imagem, a sua qualidade também está inadequada, pra dizer o mínimo. Falta definição, os níveis de perto são inconsistentes (isto interfere na qualidade), não há uma textura que salte aos olhos. E com tudo isto há uma granulação da película, que não deveria ser proposital, que por vezes incomoda, pois não é um efeito. O áudio está também com uma deficiência importante. Mesmo que a edição apresente trilhas lossless tanto no idioma original como na dublagem (embora eu não tenho encontrado uma melhora em relação ao DVD), os efeitos surround, ou seja, que envolvem a ambiência e efeitos especiais tem uma clara inconsistência. Ora estão com som meio abafado, parece que falta alguma coisa (até o volume aparenta estar baixo), ora está bem definido. A explicação? Simples: a distribuidora lançou por aqui uma trilha com 5.1 canais contra os 7.1 dos disponíveis no BD original. E sem se preocupar com uma remixagem, ou seja, realmente faltam dois canais que traduzem esta falta de consistência. E de respeito!

E o material extra acompanha a (falta de) qualidade, se resumem a apenas um making of que está disponível na edição americana e uma entrevista com Travolta (quase que com os mesmo trechos apresentados no item comentado) que não estão por lá, pois é desnecessária. E estão com a mesma definição do DVD, ou seja, em SD. Pelo menos o menu está OK, em Português, com boa funcionalidade (embora no menu “pop-up†ao se escolher um extra, no seu final não volta ao ponto em que o filme estava). Até o momento o disco é fabricado nos EUA. Mas na edição americana tem mais alguns featurettes, uma trilha de comentários em áudio e um texto com curiosidades apresentado durante o filme. Se os demais filmes em Blu-ray tiverem a mesma falta de respeito da “PrayArteâ€, será uma pena, pra dizer o mínimo. Ela tem os direitos de distribuição bons filmes por aqui. Assim, temos que dizer: PlayArte, NÃO seja bem-vinda ao mundo azul.