Crítica sobre o filme "Paris Vive à Noite":

Eron Duarte Fagundes
Paris Vive à Noite Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 09/09/2010
Martin Ritt é um dos cineastas clássicos de Hollywood: correção formal e poucas ousadias, casadas com a dependência para com o engenho dos atores e para com a consistência de um roteiro, caracterizam a base de filmar de Ritt. Paris à noite (Paris, blues; 1961) não descaracteriza estas ideias reveladas pelo cinema de Ritt, mas acresce algo: a importância da partitura de Duke Ellington para conferir inteireza à narrativa. Sem dúvida, é uma homenagem do cinema de Ritt à música, especialmente ao jazz e suas fusões franco-americanas numa determinada época do século XX.

Dois músicos de jazz, que tocam em bares alternativos de Paris, topam duas garotas do interior americano que passam as férias na capital francesa. As relações afetivas (um casal branco, outro negro se forma) perturbam as evoluções profissionais dos músicos; entre a música e o amor se desenvolve a trajetória das personagens, com longas caminhadas suburbanas por Paris e intensas colagens musicais na imagem. Paul Newman e Sidney Poitier dominam a cena, aparecendo como estrela feminina Joanne Woodward; saliente-se ainda o aparecimento-homenagem do músico Louis Armstrong, compondo um dueto musical com a personagem de Newman.

Enfim, apesar de aqui e ali arrastado em seu ritmo lento, um espetáculo que se recomenda como um retrato sensível das relações entre música e cinema. (Eron Fagundes)