Crítica sobre o filme "Minority Report - A Nova Lei":

Jorge Saldanha
Minority Report - A Nova Lei Por Jorge Saldanha
| Data: 12/09/2010
MINORITY REPORT – A NOVA LEI reuniu pela primeira vez o astro Tom Cruise e o mega diretor/produtor Steven Spielberg (que retornaram em 2005 com uma nova versão do livro de H. G. Wells GUERRA DOS MUNDOS), e pode até não ter tido a bilheteria esperada. Mas esta adaptação cinematográfica de mais um conto do escritor Philip K. Dick (BLADE RUNNER, O VINGADOR DO FUTURO) foi melhor recebido pela crítica que sua ficção científica imediatamente anterior, A. I. – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. Misturando elementos característicos de sua filmografia com outros típicos de filmes noir, Spielberg criou um mundo futurista cheio de contrastes, que nada mais é do que uma projeção das tecnologias atuais.

Com a assessoria de técnicos e cientistas na concepção, e da ILM de George Lucas na realização dos efeitos em computação gráfica, vemos na tela interfaces interativas de computador, hologramas, automóveis movidos por levitação magnética, armas sônicas, hoverpacks, aranhas artificiais e estruturas arquitetônicas imensas, tudo fotografado em um tom frio, azulado, pelo colaborador habitual de Spielberg desde A LISTA DE SCHINDLER, Janusz Kaminski. Neste cenário incomum desenrolam-se cenas de ação eletrizantes, um mistério envolvente e um final por demais otimista e luminoso, em contraponto à trama noir e à própria frieza estampada na maior parte do filme. Mas, segundo o próprio Spielberg, MINORITY REPORT foi um filme quase experimental para ele, no qual lançou mão de alguns elementos até então inéditos em sua carreira – como o humor negro decorrente de determinadas situações insólitas vividas por Anderton (o olho!).

Algumas coisas funcionam bem, outras não, como o forçado final feliz. Mas de qualquer forma os deslizes não chegam a comprometer em demasia, e além disso ajudam – e muito – a partitura funcional do maestro John Williams e o sólido desempenho do elenco, em especial de Cruise, do veterano Max Von Sydow e de Samantha Morton, esta como a Precog Agatha. Se não temos aqui uma realização destinada a tornar-se um clássico do cinema ou da ficção científica, pelo menos MINORITY REPORT foi um dos melhores filmes comerciais norte-americanos que foram lançados em 2002.