Crítica sobre o filme "Querido John":

Rubens Ewald Filho
Querido John Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/09/2010
Devo afirmar novamente que gosto muito de Lasse Hallstrom... e seu filme anterior, Sempre ao Seu Lado foi uma grande e grata surpresa para mim...em Querido John ele tem a difícil função de dirigir um filme com uma história de Nicholas Sparks (que todo mundo sabe que de verdadeiramente bom só escreveu O caderno de Noah onde foi feito o melhor filme de todas as suas adaptações - O diário de uma paixão), que é um escritor extremamente adocicado e cheio de clichês do coração humano que no final das contas todo mundo gosta (inclusive eu hehehe). O romance, Querido John, conta a história de amor entre o John do título (Channing Tattum) e Savannah (ai que nome brega senhor!), interpretada pela sempre muito boa Amanda Seyfried.

E é assim, os dois se conhecem no verão, Savannah rica e promissora, John introspectivo, meio agressivo e misterioso, ela simpática e com uma familia bem estruturada, ele com difícil relacionamento com o pai (interpretado magnificamente por Richard Jenkins). Savannah é estudante, John é soldado, e por causa dos atentados de 11 de Setembro decide continuar e participar de missões. O único jeito que encontram para conseguirem manter contato, é de trocarem cartas (e daí vem o título do filme), mas a distancia e circunstâncias na vida dos dois irão dificultar a relação.

O filme é bom, mas nem chega perto do ultimo de Lasse, muito mais emocionante e tocante. Channing Tatum e Amanda Seyfried cumprem seus papéis, mas quem rouba a cena é mesmo Richard Jenkins (seu personagem tem um segredo que é revelado durante a trama) em um personagem dificil e introspectivo. Outro destaque do filme é a belíssima fotografia de Terry Stacey, que valoriza a luz em cena criando um belíssimo contexto. A canção original do filme, "Little House" escrita e cantada por Amanda, é outro ponto alto, sendo sensível e melancólica. Agora o roteiro, de Jamie Linden, é fraco...o final mesmo, extremamente ambíguo e fraco, dá impressão de que não houve orçamento o suficiente para eles terminarem o longa, nos deixando com uma sensação de não saber realmente o que houve. É uma pena, pois a trajetória do filme em si é boa.

De qualquer modo, o filme vai agradar os fãs do gênero, e até mesmo aqueles que não gostam muito por ele refletir a sua visão da guerra (mais um filme destacando a guerra)... lembrando que o longa tirou o primeiro lugar de Avatar nos Estados Unidos, ele tem sim seus méritos, mas deveria ter tido um final melhor. (Viviana Ferreira)

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Não tenho nada contra filmes românticos - nem poderia ter - já que tenho meu passado de novelista. Tenho mesmo um fraco por histórias de amor e com frequência sou até romântico. Mas tudo tem limite, e este novo filme chamado Querido John, é um lamentável desastre, apesar de ser adaptação de um livro do especialista Nicholas Sparks, de quem foi feito um filme bem bonito, que foi Diário de uma Paixão. Outros não tão bem-sucedidos, como A Ultima Música - com Miley Cirus - ainda por estrear aqui -, Noites de Tormenta - com Richard Gere, Um Amor para Recordar e Uma Carta de Amor - com Kevin Costner. Mas eles erraram completamente nesta história muito mal contada pelo diretor sueco Lasse Hellstrom, que parece ter perdido completamente a mão, a julgar pelo último trabalho, o filme do cachorro com o Richard Gere. Mas este é bem pior.

A história se passa no começo dos anos 2000, em uma praia da Carolina do Norte, onde uma moça bonita, Amanda Seyfried (de Mamma Mia), está passando férias e por acaso conhece um rapaz surfando (feito pelo Channing Tatum, de GI Joe, com seu jeito lombrosiano de deficiente mental). Ele é militar e está de ferias por duas semanas, o que é mais do que suficiente para eles se apaixonarem. O rapaz tem apenas o pai, que é um sujeito bem estranho, fechado e que coleciona moedas (interpretado por Richard Jenkins, que foi indicado ao Oscar® em 2009) e o herói se compara com uma moeda, dentro de um grande círculo de moedas ou roldanas da sociedade Americana. O problema não é tanto a rivalidade, ou a família, nem um amigo que tem um filho autista (o papel do pai é mal feito por Henry Thomas, o ex-menino de ET), mas o destino traz o 11 de setembro e os ataques terroristas. O herói, que pretendia largar o serviço, não consegue deixar os colegas e por alguma razão mal explicada, a moça não entende. Dali em diante, neste terceiro ato, o filme só piora, vai ficando mais e mais absurdo e emburrecido, optando por soluções idiotas e primárias. Não consegue nem mesmo fazer chorar. Mal contado, com trilha musical com excesso de canções imemoráveis, chegou a fazer sucesso na semana de estreia e passou dos US$ 60 milhões (R$ 105,6 mi), mas o boca a boca o destruiu. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos. Rubens tem um blog exclusivo no portal R7)