Crítica sobre o filme "Homem de Ferro 2":

Jorge Saldanha
Homem de Ferro 2 Por Jorge Saldanha
| Data: 28/09/2010
HOMEM DE FERRO 2 era das adaptações de quadrinhos mais aguardadas dos últimos tempos, já que o primeiro filme agradou a gregos e troianos e, para a continuação, foi mantida basicamente a mesma equipe. Porque, então, as várias avaliações que apontaram a continuação como inferior ao longa de 2008? Bem, creio que a principal diferença de lá para cá se chama BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS. O sombrio e adulto estudo de Nolan sobre o mito do herói elevou as adaptações de super-heróis a outro nível, fazendo com que a concorrência ficasse parecendo brincadeira de criança.

Além disso, com a preocupação de fazer uma diversão para a família, em HOMEM DE FERRO 2 o diretor John Favreau e a Marvel deixaram de explorar muitas situações e conflitos, o que ajudou a enfraquecer o filme. Que começa muito bem, com um irreverente e sarcástico Tony Stark (Robert Downey Jr., de novo a maior razão para vermos um filme) se recusando, frente ao Congresso Norte-Americano, a entregar ao governo os segredos de sua armadura. Porém mais adiante vemos seu amigo, o tenente-coronel James Rhodes (Don Cheadle, substituindo Terrence Howard), roubar de Stark uma das armaduras, que usará como Máquina de Combate, para entregá-la ao governo. Estranhamente isso acaba não afetando o relacionamento entre os dois, que continuam sendo grandes amigos.

Já o alcoolismo de Stark, totalmente ignorado no primeiro filme, agora é abordado - porém de uma forma muito superficial. E lá no final, durante o grande confronto entre o super-herói e os robôs do vilão Danko (Mickey Rourke, em desgrenhada e marcante caracterização), ocorre enorme destruição num local apinhado de gente e é óbvio concluir que muitas pessoas morreram – porém isso fica apenas subentendido e as consequências disso são… zero. Enfim, é a superficialidade em abordar essas e outras situações do roteiro que prejudicam o filme. Mas que ainda assim consegue ser um ótimo entretenimento e, se analisado friamente, não chega a ser tão inferior ao primeiro.

HOMEM DE FERRO 2 ainda procura continuar aprofundando pelo menos um pouco seus personagens, sejam heróis ou vilões. Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) recebe a atenção merecida como associada e interesse romântico do herói, Rhodey é colocado em conflito quando decide se opor ao amigo, e o próprio Stark enfrenta uma situação terminal na qual acaba tendo que recorrer às lembranças paternas para salvar sua vida. Do lado dos vilões descobrimos que também por causa das lembranças paternas o russo Ivan Danko acaba se tornando o nêmese do Homem de Ferro, e é impossível não deixar de nutrir certa simpatia por ele. Pena que o outro vilão, Justin Hammer, não tenha sido mais explorado, já que ele é encarnado pelo sempre excelente Sam Rockwell (LUNAR).

O filme segue levando adiante o arco que culminará no longa de OS VINGADORES em 2012, e a participação de Samuel L. Jackson como o chefão da S.H.I.E.L.D., Nick Fury, limita-se ao essencial para isso. Bem melhor é a introdução da belezura Scarlett Johansson como a assessora de Stark, Natalie, que posteriormente se revelará a agente da S.H.I.E.L.D. Natasha Romanoff, conhecida como Viúva Negra. Ela protagoniza um empolgante combate ao lado do motorista de Stark, Happy (o próprio diretor Favreau, que dessa vez resolveu ser parte mais ativa à frente das câmeras). A recepção à personagem foi tão boa que a Marvel já está planejando um filme solo com ela.

Se evitadas comparações com o filme de Nolan e pesados os prós e contras, temos que HOMEM DE FERRO 2 é um filme-pipoca acima da média, com relativamente poucas mas empolgantes cenas de ação, tecnicamente brilhante e que faz jus ao clássico personagem da Marvel. E que, na já tradicional sequência após os créditos finais feita para deixar babando os fãs da Marvel, deixa o gancho para THOR, que estreia ano que vem.