Crtica sobre o filme "Jovem Rainha Vitória, A":

Rubens Ewald Filho
Jovem Rainha Vitória, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/10/2010
Dirigido por Jean Marc Vallée (do ótimo C.R.A.Z.Y.”) e com roteiro do sempre necessário Julian Felowes (vencedor do Oscar® de melhor Roteiro Adaptado em 2002 pelo magnífico Assassinato em Gosford Park), o longa é uma produção de Martin Scorcese, e foi um daqueles longas que iam estrear no final de um ano (no caso 2008), mas acabaram sendo jogados pra outro ano... no final das contas, o filme provou que é bom e conseguiu ao menos chegar nas categorias técnicas do Oscar®, embora Blunt tenha sido indicada à vários prêmios de melhor atriz no ano passado, incluindo o BFCA e o Globo de Ouro. Mas o filme em si tem um “elencão” - Blunt como Victória, Rupert Friend como príncipe Albert (outro digno de Oscar®, sua atuação é fantástica), Paul Bethanny como Lord Melbourne, Miranda Richardson como a Duquesa de Kent, mãe de Victoria, Jim Broadbent em uma pontinha como o rei William, Thomas Kretschmann como rei Leopoldo e claro, o vilão mais carismático do cinema atual- Mark Strong, como Sir John Conroy, que atormenta a vida da então princesa com o intuito de faze-la assinar o ato de regência de por a mãe da jovem no poder do país (e subseqüentemente ele).

O filme mostra a imaturidade da rainha mais importante da história da Inglaterra e sua mudança de comportamento ao longo do seu relacionamento apaixonado com Albert - mas não pense que o longa é um daqueles filmes melados e sem vida. Muito pelo contrário, em um jogo de poder onde Victoria e Albert tem que saber jogar para continuarem juntos, terceiros (como Lord Melbourne, primeiro ministro e o Rei Leopoldo da Bélgica) acabam se intrometendo entre os dois até ambos conseguirem seu lugar lado a lado no mundo. Talvez seja esta característica do longa que mais me encantou- ele é romântico mas não deixa de ser um filme com força, determinação e ótimos diálogos onde Blunt enfrenta de cabeça erguida as cenas de embate com Richardson e Strong.

A parte técnica do filme também merece aplausos. A trilha sonora de Ilan Eskheri é fantástica e romântica assim como a canção tema do longa - "Only You" interpretada por Shinead O´Connor. A direção de arte também é primorosa, cheia de cuidados nas mãos da dupla Patrice Vermette e Maggie Gray (indicados ao Oscar® pela direção de arte este ano por este filme). A maquiagem, de Jenny Shircore e John Henry Gordon também é cheia de cuidados (também indicados ao Oscar® pelo longa) e a fotografia de Hagen Bogdanski é belissima. Mas são os figurinos de Sandy Powell, vencedores do Academy Awards deste ano é quem brilham. Sandy consegue não só compor os melhores figurinos de sua vida como também fazer com que as roupas do filme conseguissem se tornar parte da personalidade dos respectivos personagens. O maior destaque é a personagem principal, que, inicialmente usa roupas em tons opacos devido a sua condição dependente e, ao tornar-se rainha começa a utilizar tons fortes, depois em um determinado momento do longa seus vestidos são opacos novamente onde ao final ela utiliza tons escuros mas vivos.

Enfim, o filme é poético, belo, inteligente, certeiro, com grandes atuações e é um grande filme de época. Simplesmente um dos melhores longas que já vi, e merece ser conferido! (Viviana Ferreira)

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Emily Blunt tem beleza. Tem um jeito sedutor de deslocamento cênico. E seu rosto, sublinhando-se seus lábios, se impõe ao espectador. Mas ela não é suficiente para tornar A jovem rainha Victoria (The young Victoria; 2009) um espetáculo que traduza uma visão de vigor de um dos reinados mais férteis da Grã-Bretanha; o que se vê ao longo da narrativa é um melodrama fútil recheado por ilações óbvias sobre os jogos de poder na Inglaterra pré-vitoriana.

Longe de expor o que era em seu interior a jovem Victoria, com seu aprendizado, dúvidas e perplexidades, a realização de Jean Marc-Vallée (com roteiro de Julian Fellowes) prefere as águas fáceis dum romantismo disfarçado em cores de época; é a paixão de Victoria por seu marido, o príncipe Albert, que encadeia o possível exercício de poder (dos dois) sobre um povo encaminhado, epicamente, a um destino glorioso.

É verdade que há as relações com a mãe e com um conselheiro austero, mas pouco a pouco estas relações se dissolvem e sobra no fim o frágil coração de uma jovem rainha. Assim, A jovem rainha Victoria é mais um sopro no vazio dos atuais filmes de época. (Eron Fagundes)

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É impressionante como os ingleses são fascinados pela história de sua família real, seja para revelar seus escândalos ou para contar suas histórias de amor mais tranquilas, como a de sua adorada monarca Rainha Vitória, que teve um prolongado reinado, a chamada Era Vitoriana, famosa por ser pudica e pela prosperidade colonial do país. Também é curioso como os americanos, principalmente os sócios da Academia do Oscar, continuam a ter fascinação pelos filmes feitos sobre o assunto, que invariavelmente são premiados ou indicados (neste caso, o filme ganhou o Oscar de melhor figurino, aliás merecido para a famosa Sandy Powell, mas foi indicado também para direção de arte e maquiagem). Quem escreveu o roteiro foi Julian Fellowes, egípcio de nascimento, veterano ator e que escreveu também The Tourist, que está sendo filmado agora com Angelina Jolie e Johnny Depp, e vencedor do Oscar® por Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman.

Não é o primeiro filme a contar a história da jovem aspirante ao trono, Victoria (Emily Blunt, de O Diabo Veste Prada), que teve que lutar contra a interferência de sua mãe (Miranda Richardson, sempre ótima) e do marido dela (o vilão do momento Mark Strong) que desejavam controlar suas vontades, para poder ascender ao trono aos 18 anos, em 1837. Mas Victoria além de ser muito mais feia na vida real do que neste longa, era mulher de um homem só. Apaixonou-se por um nobre, seu primo, o Príncipe Albert (feito pelo estranho Rupert Friend, que era o rapaz de Chèri, com Michelle Pfeiffer. Os dois foram muito felizes, ele revelou talento administrativo para cuidar dos castelos e empregados, apesar das maquinações do tio dele, o rei Leopoldo da Bélgica (Kretschman). E quando morreu, em 1861, ela entrou de luto e o manteve pelo resto de sua vida. Não foi uma vida muito agitada, e o filme se concentra nas partes mais românticas e interessantes. É curioso porque foi produzido por Sarah Ferguson, a ruiva que foi casada com o filho da Rainha Elizabeth e, portanto, tem uma visão por dentro da monarquia. A filha dela, Princesa Beatrice de York, faz uma das damas de companhia da Rainha. Por causa dos contatos de Sarah , o filme foi rodado em lugares autênticos como o castelo Belvoir, onde ela realmente esteve. Os figurinos são rigorosamente fiéis aos originais e todo o filme tem uma atmosfera de frívola elegância.

Não sei se Emily é a atriz certa para o papel e, em certos momentos, parece estar enfadada em estar envolvida num filme tão elaborado e com um papel tão sem oportunidades. Mas há um público para este tipo de história, bonita e antiquada. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos. Rubens tem um blog exclusivo no portal R7)