Crítica sobre o filme "Cartas Para Julieta":

Rubens Ewald Filho
Cartas Para Julieta Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/10/2010
Com roteiro do indicado ao Oscar® Jose Rivera e direção de Gary Winick, Cartas para Julieta é uma grata surpresa, sendo um dos filmes mais doces do ano.

O filme conta a história de Sophie (Amanda Seyfried, graciosa como sempre), uma jovem que trabalha em uma editora como caçadora de capas de livros, mas seu sonho mesmo é ser uma grande escritora. Ela está noiva de Victor (Gael Garcia Bernal) um chef de cozinha que a ama, mas que ama mais ainda o seu trabalho como chef. Pelo fato de Victor estar trabalhando na inauguração do seu primeiro restaurante, eles viajam para Verona como uma pré lua de mel. Acontece que por lá, Victor prefere ficar vendo comidas e indo de férias, e deixa Sophie de lado. Mas quando ela vai à casa de Julieta é que sua viagem vai ter uma reviravolta- ela descobre que existe um grupo de mulheres que respondem à todas as cartas que são deixadas para Julieta (uma espécie de tradição dos turistas) e acaba ajudando. Um dia então ela descobre uma carta de mais de 50 anos, e resolve responder. Para sua surpresa, a autora da carta, Claire (Vanessa Redgrave, divina no papel) vai até a Itália para procurar o seu antigo amor e terá a ajuda de Sophie para descobrir... no meio de tudo isto está Charlie (Christopher Egan), neto de Claire, que vai acabar de apaixonando por Sophie.

Este é um filme para os românticos. Independente de ser homem ou mulher, as pessoas que acreditam no amor, vão adorar o filme, justamente por ele retratar a esperança de reencontrar alguém que amamos e de passar a mensagem de que o tempo pode ser recuperado, podemos mudar a nossa vida a qualquer segundo. O roteiro de Jose Rivera é ótimo, e é aí que está o poder do filme: tem-se um bom roteiro em mãos. Aqui está então o melhor projeto de Gary Winick até agora (que dirigiu o gracioso “De repente 30†e o fraco “Noivas em Guerraâ€) em sua totalidade: o elenco é ótimo, a parte técnica muito bem acabada, e a historia bem contada. Vanessa Redgrave está radiante como Claire, e Amanda Seyfried mostra o porque de ser a it girl das comedias românticas do momento. No mais, Gael Garcia Bernal mostra muito pouco de seu brilho mas Christopher Egan está excelente como Charlie.

Mas o que mais me impressionou na parte técnica é que Winick fez questão de chamar em sua maioria profissionais italianos, como o compositor Andréa Guerra e o fotógrafo Marco Pontecorvo que aqui se esbalda com belíssimas paisagens e ótima luminosidade que me lembrou a fotografia de Bruno Delbonel para “Eterno Amorâ€.

É um filme fantástico, redondinho, que emociona com facilidade aqueles que o assistem. Um dos melhores do gênero dos últimos tempos, e um filme para ver e rever. (Viviane Ferreira)

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Amanda Seyfried é uma estrela que ascende atualmente em Hollywood e tem uma persona fílmica sempre curiosa que tem seus magníficos olhos claros como saltados da órbita à maneira de um determinado peixe de aquário. Vanessa Redgrave é uma aparição veterana que reconforta o espectador com os melhores anos de sua fruição cinematográfica à americana. Mas Cartas para Julieta (Letters to Juliet; 2010), de Gary Winick, é uma trama de fantasia amorosa um tanto quanto tola e onde a flacidez da direção de Winick não suporta uma dedicação maior do espectador em face dos excessivos lugares-comuns e de uma descarada superficialidade.

Pode-se ver Cartas para Julieta sem um total enfado porque o brilho de Amanda e Vanessa propõe um jogo de gerações de intérpretes do cinema que não se pode em momento algum menosprezar. Vanessa vive uma idosa que há cinquenta anos se apaixonou por um jovem italiano e carrega n’alma as lembranças desta paixão. Amanda interpreta a jornalista que dá com uma carta da idosa e a ajuda a buscar o homem de sua vida pelas vindimas italianas. Com idas e vindas que podem assemelhar-se a uma novelinha barata, Cartas para Julieta preenche a necessidade do sentimentalismo cinematográfico na atualidade. (Eron Fagundes)

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De todos os filmes românticos da última safra, este foi o mais bem recebido pela crítica americana, possivelmente em respeito a Vanessa Redgrave (em parte, certamente, pela sucessão de mortes que teve em sua família: seus dois irmãos e também a filha). Mesmo sem maquiagem, ela está magnífica neste filme solar. Dirigido por Gary Winick - que fez antes o imperdoável Noivas em Guerra e produzido pela atriz Ellen Barkin -, é descaradamente romântico e filmado quase inteiramente na Toscana - por coincidência, o mesmo lugar em que Silvio de Abreu localizou parte de sua novela “Passioneâ€.

Acontece em Verona, a terra onde Shakespeare situou seu famoso Romeu e Julieta. Embora a história do casal apaixonado seja fictícia, existe por lá uma casa de Julieta, onde mulheres deixam cartas e onde abnegadas funcionárias públicas as respondem. A bela Amanda Seyfried (Mamma Mia) faz uma garota que trabalha na revista “New York†e que vai com o noivo para a Itália, porque ele quer abrir um restaurante italiano em NY (o mexicano Gael Garcia Bernal faz o papel, perdendo de vez a pretensão de ser gala, é baixinho demais para a tarefa). Lá ela por acaso encontra uma carta que ficou escondida durante 50 anos onde uma jovem inglesa jura seu amor a um rapaz italiano! Ela consegue localizar a mulher, agora viúva e feita com muita doçura e delicadeza por Vanessa (quase sem maquiagem, sem esconder a idade, mas ainda linda e encantadora). Quem vem junto é o neto dela, um chato de galochas, feito por um frangote que não segura a responsabilidade de ser galã (o australiano loiroso Christopher Egan).

É lógico que eles vão eventualmente se apaixonar, digo Amanda e Egan, mas enquanto isso, a gente passeia muito pela região e o charme da história é que o ex-namorado italiano é feito por Franco Nero, o ex-Django e que na vida real, foi marido de Vanessa (e hoje os dois, já maduros, voltaram a se casar em 2006).

Ou seja, a história tem sua lógica e sentido. O amor pode existir na vida real e por que não então também no cinema? (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos. Rubens tem um blog exclusivo no portal R7)