Crítica sobre o Blu-ray "Edição Estendida" do filme "Avatar":

Jorge Saldanha
Avatar Por Jorge Saldanha
| Data: 29/11/2010

eis que finalmente chegou a anunciada “Edição Estendida de Colecionador” de AVATAR, que sucedendo ao DVD / Blu-ray lançado em abril de 2010, trazendo apenas a versão do filme exibida nos cinemas, com 161 minutos e sem nenhum material bônus, certamente satisfará aos milhões de fãs da produção de James Cameron, que fizeram dela a mais rentável da história do cinema. Quanto ao filme em si, nada tenho a acrescentar ao que já escrevi, contudo, torna-se obrigatório fazer menção às duas versões adicionais deste novo lançamento, que podem ser acessadas no disco 1 juntamente com a original. A “Edição Especial” é a mesma que foi exibida recentemente nos cinemas, que agrega à versão original oito minutos de cenas; e a “Edição Estendida”, que a eles soma outros oito, totalizando 177 minutos.

Assim, o que resta comentar é se as tomadas adicionais conseguem modificar o filme, seja para melhor ou para pior. Parte desse material, por mais detalhes que possa agregar à produção, poderia ter ficado de fora, para não aumentar demasiadamente a duração da versão original, que já era considerável. No entanto há algumas inclusões válidas e que até poderiam ter constado na versão de cinema, mas que não entraram talvez por falta de tempo para a sua finalização. A sequência mais longa (e a meu ver importante) chega já no início, em um prólogo que mostra a vida sem perspectivas que Jake Sully (Sam Worthington) levava na Terra. A rápida visão de James Cameron da Terra do futuro é curiosa, e de certa forma tem paralelos com a que Ridley Scott nos mostrou em seu clássico BLADE RUNNER. Em meio à degradação de nosso planeta, constatamos que Jake não possui mais nada a perder, e só lhe resta assumir o lugar de seu irmão. Ou seja, toda essa sequência ajuda a fortalecer as motivações que levaram o personagem a aceitar a missão em Pandora.

No restante das inclusões destaca-se o aprofundamento da subtrama de Grace (Sigourney Weaver), que envolve um incidente com a irmã de Neytiri (Zoe Saldana) e o consequente fechamento de sua escola. Temos uma breve explicação sobre o que sustenta as montanhas voadoras, e vemos um ataque dos Na’vis às escavadeiras que destruíram uma de suas Árvores Sagradas. Na sequência, ficamos sabendo que no ataque os gigantes azuis mataram alguns soldados e trabalhadores, o que dá aos humanos a desculpa que necessitavam para o confronto armado. Há também a tão alardeada versão alongada da cena de amor entre Jake e Neytiri – que nem é não longa assim, e não espere ver nada mais ousado nela –, a caçada dos Na’vis a uma manada de “Sturmbeests”, que realça a similaridade de AVATAR com DANÇA COM LOBOS (com índios, cavalos e bisões sendo substituídos por seus equivalentes de Pandora), e uma nova versão da morte do guerreiro Tsu’tey (Laz Alonso). Esta última gera um problema de continuidade, já que se passa imediatamente após o equipamento que permitia a Jake assumir seu avatar Na’vi ter sido danificado durante o combate com Quaritch (Stephen Lang). Ou seja, não havia como consertar o equipamento a tempo de o avatar de Jake encontrar o moribundo Tsu’tey.

No geral essas cenas definem melhor alguns pontos da trama sem deixar o filme maçante, o que certamente agradará aos fãs. Mas não há nada que altere significativamente a essência da narrativa, e neste sentido a versão de cinema pode ser considerada mais sólida e ajustada. De qualquer maneira Cameron oferece ao espectador três opções, para que ele opte pela que mais lhe agradar – um luxo do qual poucos cineastas hoje podem desfrutar.

AVATAR – EDIÇÃO ESTENDIDA DE COLECIONADOR chega ao Brasil em três Blu-rays de dupla camada (BD50), acondicionados em um HD Case com suporte para dois discos adicionais, envolvido por uma luva de cartolina plastificada e metalizada. O primeiro disco traz as três versões do filme, e os demais o farto material suplementar. Tecnicamente, este lançamento preserva a excelência que tornou o BD original uma referência para o formato, e como aquele também possui certificação THX. A inclusão de 16 minutos de cenas adicionais, via seamless branching, diminuiu um pouco o bitrate médio, mas não o suficiente para ocasionar alguma redução de qualidade – duvido que, reproduzindo lado a lado as duas edições em Blu-ray, alguém consiga distinguir a mínima diferença que seja entre ambas. A imagem da transferência anamórfica 1080p/AVC MPEG-4, no aspect ratio 1.78:1 (formato de tela original para as exibições do filme em 3D) continua a espantar por sua claridade, excelente contraste, elevadíssimo nível de detalhes, perfeita saturação das cores sempre deslumbrantes e total ausência de artefatos, ruídos e filtros. Apesar de esta ser a versão 2D do filme (a 3D será uma exclusividade para quem adquirir combos 3D da Panasonic), o vídeo passa ao espectador uma forte sensação de tridimensionalidade. O som permanece excelente, com a faixa original lossless DTS-HD Master Audio 5.1 apresentando cristalina fidelidade na reprodução dos diálogos e da trilha sonora e uma ambientação imersiva nas sequências calmas. Nos momentos de ação os efeitos surround tornam-se mais dinâmicos, e recebem o reforço de graves sólidos e consistentes. Não diria que a mixagem em alta definição de AVATAR seja a melhor atualmente disponível, mas não há porque deixar de considerá-la como de referência no formato, assim como o vídeo. Complementam as opções de áudio dublagens Dolby Digital 5.1 em português e espanhol. As legendas HD permanecem amarelas, mantendo na tradução das falas Na´vi um padrão de fonte diferenciado. Os menus animados (em português) são semelhantes aos do BD anterior, ilustrados com imagens de Pandora e disponibilizando opções funcionais de navegação. Quando você dá uma pausa no filme, o menu pop-up mostra uma imagem que ilustra o capítulo correspondente.