O aprendiz de feiticeiro (Sorcerers apprentice; 2010), filme norte-americano dirigido por Jon Turteltaub, é uma narrativa boba que assume sem pudores as necessidades da bobagem. Que necessidades são essas? As necessidades do público infanto-juvenil que vai a cinema: curtir uma historieta digerível até demais que possa ser vista assim mesmo, um passatempo fútil. Há quem diga que a arte é assim mesmo: entretenimento que não serve para nada. Um filme como O aprendiz de feiticeiro estabelece o conceito em sua redução absoluta.
Efeitos mirabolantes e mágicos que só podem funcionar naquele lado mais precário de nosso cérebro. Misturando a trajetória milenar de conflitos do feiticeiro Balthazar Blake e o mundinho contemporâneo do aprendiz Dave (com suas hesitações sentimentais escondidas dentro de sua casca de superpoderes), O aprendiz de feiticeiro dissolve seu rumo mais crítico que poderia levá-lo a uma reflexão épica do tipo de Excalibur (1981), obra-prima do inglês John Boorman. Para mal dos pecados, Nicolas Cage resgata certos artifícios de suas interpretações dos últimos, coisas que lhe foram podadas pelo alemão Werner Herzog em Vício frenético (2009) e pelo americano Matthew Vaughn em Kick-Ass: quebrando tudo (2010). Aliás, este filme de Vaughn é um exemplar mais bem acabado de como a fantasia pode ser utilizada com inteligência no cinema.