Por Viviana Ferreira
| Data: 16/01/2011
É interessante notar que após a morte de Chico Xavier diversas produções cinematográficas relacionadas à sua pessoa adentraram o mundo do cinema. Uma delas, “Nosso Larâ€, é uma adaptação do best seller escrito por ele que na verdade seria a transposição do que o espÃrito André Luiz relatou à ele através dos contatos mediúnicos. Seria uma espécie de relato do que acontece depois da morte, e foi o primeiro de muitos livros que eles escreveram “juntosâ€.
O filme começa com a morte do médico André Luiz (Renato Prieto) que primeiro vai parar numa espécie de purgatório (algo que ele não entende, mas que provavelmente deve-se à sua arrogância e egoÃsmo sem limites) sendo que após é acolhido por Clarêncio (Clemente ViscaÃno) e LÃsias (Fernando Alves Pinto) e levado ao Nosso Lar, uma espécie de cidade pós vida onde as pessoas trabalham seu espÃrito para que, quando estiverem prontas, voltem à terra em um novo corpo, reencarnando. Primeiramente não entendo muito da dinâmica do local, André vai tendo dificuldades de se adaptar, mas, com o tempo com a ajuda dos companheiros e dos ministros da cidade (onde aparecem aqui Werner Schunemann e Othon Bastos) ele vai trabalhando sua alma e se preparando para perdoar os outros, a si mesmo, e melhorar sua essência.
Confesso que há uma espécie de dificuldade em termos de crença, já que o filme segue uma linha espÃrita, mas é muito interessante ver a ideologia desta religião, além de claro o filme trazer esperança para qualquer pessoa, independente de sua religião. Os atores também foram bem, mas é a parte técnica que merece aplausos. Dos efeitos visuais (da mesma equipe de Benjamin Button) à trilha magnÃfica do três vezes indicado ao Oscar® Phillip Glass até à fotografia de Ueli Steiger (de O Dia Depois de Amanhã) tudo é muito impecável, bonito de se ver, caprichado (tanto que o filme custou 20 milhões para ser produzido).
Sucesso de bilheteria e infelizmente não escolhido para representar o paÃs na campanha ao Oscar® (já que ter uma produção técnica de pessoas conhecidas ajudaria e muito), o filme pode ter um conteúdo discutÃvel mas pelo menos tem belas atuações e um visual impressionante. Um filme para ao menos se apreciar. (Viviana Ferreira)
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O cinema brasileiro parece estar descobrindo que o espÃrito também pode dar dinheiro. Nosso lar (2010), superprodução nacional dirigida por Wagner de Assis, é uma adaptação do livro pisocografado por Francisco Cândido Xavier a partir de revelações dadas como do espÃrito de André Luiz, um médico terreno que subitamente faleceu e, apartando-se fisicamente de sua mulher e filhos, vaga por regiões tenebrosas do além até chegar a um local luminoso e benfazejo.
A despeito de sua riqueza de produção (entre os atributos, a música do brilhante compositor Philip Glass), Nosso lar é encenado com os embaraços toscos de um teatrinho de colegiais; mesmo contando com atores experientes como Othon Bastos e Werner Schünemann, e que o desequilÃbrio interpretativo de Roberto Prieto no papel de André Luiz seja compensado pela presença meio selvagem de Rosanne Mulholland, Nosso lar tropeça nos esboços verbais e gestuais de seus intérpretes de maneira dolorosamente constrangedora.
E aquilo que seria um dos trunfos do filme, a música de Glass, acaba sendo mesmo outro incômodo, pelo uso abusivo que dela se faz tapando acusticamente certas observações-over do narrador André Luiz (ou talvez, dada a precariedade do dizer as coisas, seja esta mesma a intenção, tapar com a música o constrangimento do verbo). (Eron Fagundes)