Crítica sobre o filme "Bastardos Inglórios":

Jorge Saldanha
Bastardos Inglórios Por Jorge Saldanha
| Data: 07/04/2011
Como bom rato de videolocadora, o diretor Quentin Tarantino, ao longo de sua carreira solo ou em parceria com o amigo Robert Rodriguez, vem prestando suas homenagens aos gêneros que mais lhe agradam: policiais, terror trash, artes marciais blaxploitation, filmes de estrada... Em 2009 ele lançou sua visão da Segunda Guerra Mundial, este BASTARDOS INGLÓRIOS (INGLORIOUS BASTERDS), com o elenco sendo encabeçado por um astro no auge da carreira (Brad Pitt) – fato raro em seus filmes, que via de regra buscam destacar atores coadjuvantes ou que estavam esquecidos e, graças ao cineasta, voltaram a chamar a a tenção de Hollywood (John Travolta, por exemplo, após estrelar PULP FICTION saiu do limbo em que estava).

Tarantino tomou emprestado o título original de seu filme de uma aventura de guerra italiana de 1978, no Brasil chamada O EXPRESSO BLINDADO DA SS NAZISTA, de um dos seus diretores europeus favoritos, Enzo G. Castellari. A trama, contudo, é completamente diferente e é dividida em capítulos (como KILL BILL), além de ser composta por três histórias que, na conclusão, irão se juntar: a do implacável e irônico caçador de judeus, Coronel Hans Landa (o excelente Christoph Waltz); a do Tenente Aldo Raine (Pitt, em desempenho inspirado) e seus Bastardos matadores de nazistas, interpretados por, entre outros, Eli Roth (o diretor de O ALBERGUE) e Til Schweiger; e a da jovem francesa Shosanna (Melanie Laurent), que após sobreviver ao massacre de sua família por Landa foge e torna-se dona de um cinema em Paris – que será o palco de um explosivo desfecho no qual o diretor, com violência e humor, simplesmente reescreve o final da Segunda Grande Guerra.

Tarantino presta tributo ao INGLORIOUS BASTERDS original dando pontas ao diretor Castelari e ao ator Bo Svenson, mas também homenageia um de seus ídolos, Rod Taylor, da versão original de A MÃQUINA DO TEMPO e do clássico de Hitchcock OS PÃSSAROS. Taylor está irreconhecível como o Primeiro-Ministro Winston Churchill, assim como o comediante Mike Myers (da trilogia AUSTIN POWERS), que sob pesada maquiagem interpreta um militar da inteligência britânica. O elenco ainda conta com ótimos nomes contemporâneos, como Michael Fassbender e Diane Kruger.

BASTARDOS INGLÓRIOS é um filme difícil de descrever ou comentar, já que apenas assistindo-o, enriquecido pelas interpretações repletas dos diálogos típicos do diretor e acompanhadas por músicas extraídas de outros filmes (destaque para a canção de David Bowie "Cat People (Putting Out Fire)", do filme A MARCA DA PANTERA), é que o espectador fará ideia do que ele representa. A opinião do diretor, ele mesmo nos dá na última cena do filme, quando Brad Pitt olha para a câmera e diz "Acho que esta é a minha obra-prima". Particularmente ainda prefiro KILL BILL, mas sem dúvida BASTARDOS INGLÓRIOS é o filme mais refinado de Tarantino.