Por Jorge Saldanha
| Data: 13/04/2011
O diretor David Fincher hoje é lembrado por filmes consagrados pelo público e pela crÃtica como O CLUBE DA LUTA, ZODÃACO, O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON e um dos grandes concorrentes do último Oscar®, A REDE SOCIAL. Mas nem sempre foi assim, pois sua estreia na direção de um longa-metragem (o conturbado ALIEN³) foi um grande fracasso. Mas demonstrando que a traumatizante experiência com a Fox não arrefeceu sua determinação, ele deu a volta por cima três anos depois em seu segundo filme, SE7EN (rebatizado aqui com o subtÃtulo OS SETE CRIMES CAPITAIS), que se tornou ao lado de O SILÊNCIO DOS INOCENTES uma referência para os filmes de serial killers.
No núcleo da trama estão dois policiais, o detetive William Somerset (Morgan Freeman), prestes a se aposentar, e seu substituto e recém casado detetive David Mills (Brad Pitt), que se conhecem na cena de um crime bizarro - um homem obeso que, sob a mira de uma arma, fora a obrigado a comer espaguete até morrer. Pouco tempo depois o corpo de um advogado assassinado é encontrado em seu escritório, com a palavra “Avareza†escrita no carpete. Desconfiando que os dois crimes possam estar conectados, Somerset retorna à cena do primeiro crime, e lá descobre a palavra “Gula†escrita atrás da geladeira. O veterano detetive conclui que os dois assassinatos foram cometidos pela mesma pessoa, que mata de acordo com os Sete Pecados Capitais: Gula, Avareza, Soberba, Inveja, Ira, Preguiça e Luxúria. Os dois detetives devem então correr contra o relógio, a fim de impedir que o assassino mate mais cinco pessoas que correspondam aos pecados restantes.
Muitos podem considerar que ZODÃACO, na filmografia de Fincher, seja um filme superior, mas particularmente prefiro o sombrio e tensamente construÃdo SE7EN, que sempre mantém o interesse até chegar a um final que, à época, foi dos mais surpreendentes já vistos no cinema. Sorte de Fincher que, após a excessiva interferência da Fox em ALIEN³, convenceu a New Line a manter incólume seu final impactante e anti-comercial. Mas isto, por si, não seria suficiente para tornar o filme a obra-prima que é, já que ele é extremamente beneficiado pela atuação do ótimo elenco encabeçado por Morgan Freeman, Brad Pitt, Kevin Spacey e Gwyneth Paltrow – Pitt teve um dos primeiros grandes desempenhos de sua carreira, demonstrando que não era apenas mais um jovem galã de Hollywood -, pelo bem ajustado roteiro de Andrew Kevin Walker e a opressiva trilha sonora do sempre competente Howard Shore. Fatores que, conduzidos pela direção brilhante de Fincher, ajudaram a dar origem a este legÃtimo clássico moderno.