ORGULHO E PRECONCEITO
A história de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, é uma das mais amadas de todos os tempos e é considerada a obra prima de Jane Austen, por ser a sua obra que melhor retrata as idas e vindas do amor. Inúmeras versões já foram adaptadas para o cinema e a TV, sendo as mais famosas as de 1940 com Greer Garson e Laurence Olivier, a de 2005 com Keira Knightley e Mathew MacFadyen e claro a versão da BBC de 1995 com Jennifer Ehle e Colin Firth que viriam a se reencontrar nas telas do cinema ano passado com o aclamado O Discurso do Rei.
Contando a história das irmãs Bennet em 6 capítulos, a série demonstra cada aspecto, ar, e parágrafo do livro, sendo a obra mais fiel justamente por ser a mais longa de todas as adaptações, tudo isso claro, graças ao roteiro do sempre fantástico Andrew Davies (de “Daniel Deronda”, “Little Dorrit” e “Bleak House”) que conseguiu transpor às telas a incrível história de amor sem se tornar maçante ou comprido demais.
A parte técnica também é um primor, incluindo a excelente trilha de Carl Davis (A Mulher do Tenente Francês, “Cranford”) e a fotografia de John Kenway (“Jane Eyre” de 83, “Love on a branch line”). Mas o que realmente faz da série ser uma obra prima, mais do que todo o elenco, e até mesmo mais do que Jennifer Ehle, é Colin Firth como Mr. Darcy. Pra se ter uma noção do impacto causado por ele na Inglaterra, foi por causa deste papel que Helen Fielding escreveu O diário de Bridget Jones onde o próprio Firth revisitou seu Mr. Darcy.
De tempos em tempos a Inglaterra se apaixona por uma série de modo avassalador, e isso já aconteceu com a série da ITV “Upstairs, Downstairs” que durou 4 temporadas na década de 70, “Brideshead Revisited” da ITV de 1981 (até hoje a maior audiência em um programa da história da Inglaterra, que teve até mais audiência que o funeral da Princesa Diana!!!!!). E claro que com Orgulho e Preconceito não foi diferente - é até hoje a série da BBC que mais teve audiência de todas. Mas tudo isso por causa de Colin Firth, que interpreta Darcy de maneira única. Aliás, foi por causa da série (embora antes já famoso por lá, e já protagonista de filme famoso, ele tinha feito Valmont dirigido por Milos Forman) que ele se tornou uma coqueluche na Inglaterra, e iniciou um caso de amor que existe até hoje, sendo um dos atores mais adorados da história do país. Aliás, a cena dele saindo do lago é considerada um clássico até os dias de hoje.
Talvez por isso tenha sido tão injusto que Jennifer tenha levado o BAFTA e ele não (uma injustiça já sanada já que ele levou por dois anos seguidos o premio- ano passado e este ano), e que ele não tenha sido indicado nem ao Emmy de melhor ator (a série levou melhor figurino, concorrendo também a melhor fotografia, roteiro e minissérie), mas acima de qualquer prêmio, sua interpretação ficou eterna para todos, e, graças ao lançamento da série aqui no país, poderá ser apreciada por fãs do ator ou do gênero.
Uma grande série, que merece ser vista e revista não só por sua história, mas por seus atores, que brilham incansavelmente marcando as percepções do espectador.
EMMA:
Série que passou no final de 2009 na BBC, "Emma", adaptação do clássico de Jane Austen (o roteiro ficou a cargo da sempre competente Sandy Welch), é, segundo a BBC a ultima serie de época baseada em um romance de Jane Austen que eles farão durante algum tempo (pelo menos por enquanto) e com certeza é uma das séries mais bacanas produzidas pelo canal.
Protagonizada por Romola Garai, mais conhecida entre os cinéfilos por ter interpretado uma das Brionys de Desejo e Reparação, aqui ela atua com toda a sua alma, e se torna, até o presente momento, a melhor Emma de todas as adaptações (o que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro do ano de melhor atriz em minissérie ou filme para TV). No elenco também estão Michael Gambon (como Mr. Woodhouse) e Johnny Lee Miller (como Mr. Knightley).
A história gira em torno de Emma Woodhouse, uma jovem que tem a inclinação para juntar casais, e para isso, toma até decisões não muito boas para os seus escolhidos. Emma é, de longe, a heroína mais antipática de Jane Austen, mas também era a mais querida por ela... E não é difícil descobrir o porquê: em contraste com a sua arrogância, Emma tem um grande coração, e grande apreço por todos em sua volta, sempre preocupada e dedicada à todos que ela conhece.
A série tem 4 capítulos (onde Romola brilha incansavelmente) e é uma série leve e gostosa de se assistir. Johnny Lee Miller também está ótimo como Knightley, e continua belíssimo, tendo uma notável química com Romola. Entre outros destaques, tem- se uma parte técnica impecável (destaque para o figurino impecável de Rosalind Ebbut) e ótima direção de Jim O´Hanlon.
Pra quem já viu ou não alguma adaptação do clássico, vale muito a pena conferir esta série. Para ver e rever!
RAZÃO E SENSIBILIDADE:
O livro mais célebre de Jane Austen ganhou mais uma versão em 2008, protagonizada por Hattie Monahan, Charity Wakefield, David Morrisey e Janet Mc Teer. Aqui, dividida em quatro capítulos a minissérie conta de maneira mais detalhada os pormenores da vida tumultuada e as diferentes formas de ver a vida de duas irmãs: Elinor e Marianne Dashwood.
A história relata os relacionamentos de Elinor (Hattie Morahan) e Marianne Dashwood (Charity Wakefield), duas filhas do segundo casamento de Mr. Dashwood. Quando seu pai morre, a propriedade da família passa para John, o irmão mais velho e único homem da família, fazendo com que as mulheres Dashwood tenham uma queda financeira e de padrão de vida por causa deste acontecimento. Então elas se mudam para uma nova casa, sendo que no novo lugar Marianne irá conhecer o Coronel Brandon (David Morrisey) que logo se apaixona por ela, e se interessar por Willoughby (Dominic Cooper), enquanto Elinor irá se apaixonar por Edward Ferrars (Dan Stevens), mas sem demonstrar o seu afeto.
Essa versão é muito bem caprichada, com uma trilha sonora soberba de Martin Phipps (que assinou os scores de North and South e Persuasão ambos da BBC) e um roteiro muito bem acabado do sempre competente Andrew Davies. O elenco também é muito bom, destacando Janet Mc Teer como Mrs. Dashwood e Dominic Cooper como Willoughby.
Como esta história já foi contada 9 vezes durante a história do cinema e da TV, e tenha saído posteriormente ao filme com Emma Thompson e Kate Winslet (diferente de Orgulho e Preconceito que teve sua versão cinematográfica mais recente posterior ao seriado) é complicado não comparar as protagonistas às atrizes da versão cinematográfica, mas mesmo assim, as atrizes desta versão se saíram muito bem, capturando todas as angustias e detalhes mais meticulosos das suas personagens.
Para quem gosta do gênero, de romance ou de Jane Austen, é um prato cheio. Mais uma belíssima obra da BBC, que mostra o porquê da Inglaterra ter as melhores produções televisivas do mundo. (Viviana Ferreira)