Crítica sobre o filme "Turista, O":

Rubens Ewald Filho
Turista, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 14/05/2011

Oficialmente, esta é uma refilmagem de uma produção francesa, lançada no Brasil em home video pela Flash-Star. Sinto-me na liberdade de reproduzir aqui a crítica que fiz dele, porque, fora a presença de um trem, não tem a mínima relação com sua versão americana. E se não é nenhuma maravilha, é bem melhor do que este filme pavoroso. Se chamava Anthony Zimmer – A Caçada (Título original: Anthony Zimmer). França, 2005. Diretor: Jerome Salle. Elenco: Sophie Marceau, Yvan Attal, Sami Frey, Daniel Olbrbrychski, Gilles Lelouche, Samir Guesmi. Sinopse: Durante uma viagem de trem, François é abordado por Chiara, que o convida para passar o fim de semana, fazendo de conta que é seu marido, um homem caçado por assassinos profissionais e perseguido pela polícia.

Tem o charme de ter sido rodado no Hotel Carlton e Negresco, dois lugares lendários da Côte D´Azur. Mas é apenas uma história banal, sobre uma agente (a muito magra e envelhecida Sophie Marceau, de Coração Valente) que arranja um sujeito num trem (Yvan Attal, astro local) para despistar os bandidos que a seguem.

Sua missão é identificar um vigarista que leva o título do filme e que seria responsável por grandes trapaças no tráfego. O coitado da vítima passa a ser perseguido, tem que fugir a pé, acaba na polícia, onde novamente é forçado a escapar. Sempre com fotogenia, o filme prossegue com rapidez e certo charme (não tem mais de 90 minutos) até um final nada inesperado. Não chega a aborrecer, mas não tem qualquer coisa de notável.

Se era fraquinho, por que refazê-lo? Um mistério, onde estiveram envolvidos astros como Tom Cruise e Sam Worthington, Charlize Theron, diretores como Lasse Hallstrom, Alfonso Cuaron (todos desistiram por diferenças criativas) e que acabou nas mãos do diretor alemão que fez antes o premiado com o Oscar, por A Vida dos Outros (06), Florian Henckel Von Donnersmarck.

Aliás, é impossível pensar em dois filmes mais diferentes do que estes. Talvez por isso a tentação de rodar quase que totalmente em Veneza, num clima chique (Angelina teria confessado que aceitou o papel porque seria rápido e ela usaria belas roupas, parece que 12 diferentes modelos). Só que o filme não é Charada e ela não é Audrey Hepburn. Infelizmente. Mas nem essa deusa teria resistido a um roteiro tão pífio, tão mal escrito quanto este, que destrói completamente o original em troca de nada, de um thriller sem qualquer senso de humor e com Johnny Depp mumificado. Pela primeira vez sentimos o peso de sua idade (ele é de 63!) e sua total falta de interesse no personagem. Para não dizer da ausência absoluta de química com Angelina.

Tudo isso coroado com uma ridícula indicação para o Globo de Ouro como melhor comédia (não há risos e nem humor) e melhores ator e atriz em comédia! É verdade que foi um ano difícil para o gênero, mas isso já é um exagero. Não dá para dizer que é mal feito, mas Veneza já apareceu mais bonita em outros filmes.

A perseguição começa em Paris, quando Angelina (como Elise), vai para a Gare de Lyon pegar um trem para a Itália, onde aborda um estranho no vagão do restaurante, um certo Frank Tulepo. Ela está sendo perseguida e observada por agentes e por isso, não há tempo para grandes lances entre o casal. Ficamos presos nos perseguidores, Paul Betanny, Timothy Dalton do lado da lei e como um super-bandido, temos Steven Berkoff. Dois astros italianos fazem pontas: Raul Bova e Christian De Sica, sem maiores consequências. Quem está traindo quem? E quem é quem? Essa é a trama e não interessa, não envolve. Uma bobagem pretensiosa e irritante. Merecido fracasso. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de Janeiro de 2011. Rubens tem um blog exclusivo no portal R7)