Crítica sobre o DVD "Warner - 908 Min." do filme "Superman: Anthology – BLU-RAY UK":

Jorge Saldanha
Superman: Anthology – BLU-RAY UK Por Jorge Saldanha
| Data: 09/07/2011
Muito bem-vinda esta antologia SUPERMAN em Blu-ray - especialmente no Brasil, onde apenas o filme de 1978 já fora disponibilizado em alta definição. A versão nacional do box chegará dia 18 de agosto e em princípio terá especificações técnicas e conteúdo idênticos às edições lançadas em junho nos EUA e na Europa, que já trazem, entre várias opções de legendas e dublagens dos filmes, o português do Brasil. A única dúvida existente é quanto à embalagem, mais caprichada nos EUA e mais simples na versão do Reino Unido (a que utilizamos para esta resenha), mas que ainda assim para os nossos padrões é ótima – digipack com suportes para dois discos em cada face, envolvida por uma luva de cartolina com o símbolo do Superman em alto-relevo. A julgar pelos últimos boxes de Blu-ray lançados aqui pela Warner o nosso também será digipack, porém do tamanho das embalagens de DVDs. O maior reparo que faço a esta edição britânica é que ela identifica o conteúdo de cada disco apenas em letras minúsculas, nas suas bordas. Os filmes e os extras estão distribuídos em oito BDs – as versões de cinema dos dois primeiros filmes, a versão estendida do primeiro, a versão de Richard Donner do segundo, o terceiro e SUPERMAN – O RETORNO receberam discos de dupla camada (BD50), enquanto SUPERMAN IV recebeu um disco de camada simples - BD25. Já o disco 8, que tem apenas extras, também é BD50. Os menus principais de cada disco, em inglês, são bem simples, trazendo de fundo a imagem estática de um determinado filme.

SUPERMAN – O FILME, em suas versões de cinema e estendida, ganhou uma nova transferência remasterizada 1080p/AVC MPEG-4, na proporção de tela 2.40:1, que considerando a idade do filme e as características da fotografia original (muitas vezes filtrada) é primorosa, apresentando equilibrada saturação das cores, nível forte dos pretos, ótimos detalhe e resolução. A versão estendida basicamente possui as mesmas características da versão de cinema, e como nas demais remasterizações feitas para este novo lançamento, nota-se que foi buscado dar um visual mais contemporâneo ao filme, alterando-se sutilmente os tons de cores, o brilho e o contraste – algo que os fãs mais puristas e atentos poderão condenar. De qualquer sorte, não há nada que evidencie um excessivo processamento digital. Algumas cenas de efeitos visuais são as mais problemáticas, dada a tecnologia da época. O áudio original em inglês, em ambas as versões, recebeu um significativo upgrade em relação ao lançamento anterior em Blu-ray – se antes era Dolby Digital 5.1, agora é DTS-HD Master Audio 5.1. Os diálogos sempre são claros e os graves bem fortes, com a clássica trilha de John Williams reproduzida com excelente fidelidade e de forma envolvente. Por outro lado a faixa lossless da versão estendida baseia-se na remixagem feita em 2000, que acrescentou novos efeitos sonoros multicanais. Apesar de isso ser uma heresia para muitos puristas, o áudio remasterizado é superior e muitas cenas ganharam impacto adicional devido ao novo som. A destruição de Kripton, por exemplo, com novos efeitos sonoros de cristais se estilhaçando percorrendo todas as caixas de som criou uma experiência mais envolvente. Idem para a cena em que o Superman persegue dois foguetes. Entre as opções de dublagem da versão de cinema temos a mixagem original estéreo (aqui em inglês DTS-HD MA 2.0), e também uma faixa em português (Dolby 1.0) que infelizmente não é a “clássica†de quando o filme foi exibido na TV.

SUPERMAN II – A AVENTURA CONTINUA também foi remasterizado e igualmente ganhou uma nova tranferência MPEG-4 na proporção de tela 2.40:1, mas que não impressiona tanto quanto a do filme original. Por haver mais tomadas de efeitos visuais, consequentemente temos mais cenas onde a idade do filme se torna evidente, através da diminuição do nível de detalhes e o aumento de ruídos na imagem. Mas de modo geral o detalhe dos objetos é muito bom, contraste, brilho e cor estão bem balanceados e os fortes pretos fornecem uma boa profundidade. Mais problemática é a situação de SUPERMAN II – THE RICHARD DONNER CUT, que manteve a mesma transferência 1080p/VC-1 do Blu-ray norte-americano anterior, e por ter segmentos extraídos de diferentes matrizes (como takes alternativos e até mesmo testes dos atores), a qualidade da imagem ao longo do filme em termos de detalhes, nitidez e balanço de cores é variável. Em determinados momentos, talvez em função do estado da fonte utilizada, é claramente perceptível o uso de DNR, que faz com que a granulação natural da película praticamente desapareça. Felizmente os níveis de pretos sempre são fortes, e a definição é satisfatória, e o que poderia resultar em uma montagem desastrosa acaba sendo válida, principalmente por finalmente podermos ver o filme da forma mais próxima à pretendida por seu diretor original. Ambas as versões também receberam faixas lossless DTS-HD MA 5.1 em inglês de qualidade similar às do filme original. Os diálogos sempre soam claros, os graves são profundos e a trilha musical é reproduzida de forma clara e bem distribuída. Os efeitos surround, como esperado, são usados discretamente. Entre as opções de áudio também está disponível para a versão de cinema a dublagem em português Dolby 1.0.

SUPERMAN III e SUPERMAN IV – EM BUSCA DA PAZ podem ser os piores filmes da franquia, mas receberam um tratamento digno da Warner em termos de remasterização. O terceiro filme, que adota uma paleta de cores mais variada e viva que os anteriores, recebeu uma transferência MPEG-4 na proporção de tela 2.40:1 que valoriza as cores básicas, bem saturadas. Contraste, detalhes finos e pretos atingem ótimos e profundos níveis. A qualidade da transferência do quarto filme é um pouco inferior, provavelmente em função das limitações orçamentárias que tornam-se dolorosamente visíveis nas tomadas de efeitos visuais (ruins), caracterizadas por falta de nitidez e cores menos vivas. Os pretos são bons, assim como o contraste, e os detalhes finos são decentes – ainda que algumas vezes prejudicados por ruídos de imagem. Os tons de pele são naturais, com a paleta de cores tendendo, no geral, para os verdes ou laranjas. Apesar dos pesares, dá para afirmar com certeza que a apresentação visual ainda é bem melhor que o filme em si. Quanto ao áudio, SUPERMAN III recebeu uma faixa lossless DTS-HD MA 5.1 de qualidade, mas que devido à idade do material e ao próprio sound design original, não impressiona. A ação se concrentra na maior parte do tempo nos canais frontais, com os surround sendo empregados esporadicamente para reproduzir efeitos discretos. Os diálogos são claros, e os graves tem peso mas não a consistência presente no áudio dos filmes anteriores. SUPERMAN IV, por sua vez, traz uma faixa em inglês lossless DTS-HD MA 2.0 que surpreendentemente, em alguns aspectos, rivaliza com a faixa multicanal do filme anterior. O diálogo sempre soa límpido e o palco sonoro é satisfatoriamente amplo, com separação de canais frontais mais acentuada (enquanto os traseiros praticamente inexistem) e ótima fidelidade, que permite discenirmos os pequenos sons de qualquer cena. Os graves são anêmicos, mas dão alguma força à mixagem. Ambos os filmes tem opções de dublagem em português 2.0.

SUPERMAN – O RETORNO manteve a mesma – e problemática – transfer 1080p/VC-1 2.40:1, de sua primeira edição em Blu-ray. Rodado com câmeras HD de última geração (na época), a imagem do longa apresenta várias deficiências, como níveis de contraste e brilho inconsistentes, pretos “xoxos†e até mesmo artefatos. Momentos de elevados detalhes e resolução são raros, com a imagem tendo de um modo geral uma aparência digitalizada, típica de aplicação do nefasto DNR. Pelo menos as cores são fortes e vibrantes, com uma saturação bem estável e equilibrada. É difícil de dizer o quanto das deficiências de vídeo se originam da decisões criativas de Bryan Singer e de seu diretor de fotografia, mas o fato é que a apresentação visual de SUPERMAN – O RETORNO, até por ser um filme recente, é decpcionante. Pelo menos no que tange ao áudio a aventura faz um ótimo emprego da moderna tecnologia, trazendo uma robusta faixa lossless em inglês DTS-HD Master Audio 5.1. Com elevada fidelidade, excelente espacialidade que usa e abusa dos canais traseiros, graves que exigirão bastante de seu subwoofer e diálogos cristalinos, temos aqui uma faixa de alta definição praticamente perfeita. Entre as opções de áudio temos a mesma dublagem em português Dolby Digital 5.1 presente no lançamento original em DVD.