O personagem mais célebre criado pelo escritor Robert E. Howard foi o bárbaro guerreiro Conan, que dos contos publicados em revistas de fantasia passou para os quadrinhos da Marvel e, posteriormente, para o cinema e a TV. Até o momento a melhor adaptação do personagem é este CONAN, O BÁRBARO (1982), produzido por Dino de Laurentiis e dirigido por John Millius. Porém, apesar do sucesso que ajudou a levar Arnold Schwarzenegger ao estrelato, na época o filme não teve uma recepção muito boa junto à crítica, mais acostumada aos filmes de fantasia leves.
Além de dirigir, John Millius colaborou no roteiro, originalmente escrito por Oliver Stone (PLATOON), que continha muitas cenas violentas, e inclusive, um pouco de sexo e nudez. Muito permaneceu no filme, e isso chocou quem esperava uma adaptação mais leve do herói. O lançamento nacional em Blu-ray da primeira das duas aventuras de Conan estreladas por Schwarzenegger (a segunda, CONAN – O DESTRUIDOR, também já foi lançada no exterior em alta definição) é um bom momento para se constatar como o cinema de entretenimento norte-americano degradou-se posteriormente, tornando-se formulaico e privilegiando a ação descerebrada.
Aliás, parece que isso já ocorreu no segundo filme do bárbaro, que após as críticas recebidas pelo primeiro tornou-se mais uma aventura infanto-juvenil, na qual o diretor Millius foi substituído por Richard Fleischer. Mas tomemos um exemplo similar mais recente - O ESCORPIÃO REI, de temática similar com 20 anos separando-o do primeiro CONAN. Mesmo tendo o filme de Millius seus problemas, não há comparação possível: “defeitos” atribuídos à época de seu lançamento podem hoje até ser considerados méritos face à assombrosa pasteurização, falta de imaginação, personagens vazios e infantilização cinematográfica. Isso sem falar na antológica trilha sonora musical do prematuramente falecido Basil Poledouris, que transforma o filme de 1982 em algo maior do que realmente é.
Vamos ver se o novo CONAN, O BÁRBARO, dirigido por Marcus Nispel e estrelado pelo havaiano Jason Momoa (o Khal Drogo de GAME OF THRONES) fará jus às fantasias adultas e sangrentas de Robert E. Howard – apesar de que será difícil desafio a imagem de Schwarzenegger do personagem.