Por Jorge Saldanha
| Data: 09/09/2011
SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL é o filme mais pessoal do diretor Zack Snyder (MADRUGADA DOS MORTOS, 300, WATCHMEN – O FILME) por ser o único, até o momento, baseado em material totalmente original. Snyder bolou a história e co-escreveu com o novato Steve Shibuya o roteiro centrado na garota Babydoll, que é internada em um hospÃcio feminino pelo seu padrasto pedófilo e asssasssino. Prestes a ser lobotomizada ela foge para uma realidade alternativa onde o manicômio virou um bordel, e ela e as demais internas são dançarinas e prostitutas. Com uma incomum habilidade de hipnotizar os espectadores enquanto dança Babydoll vê uma possibilidade de fugir, mas para isso terá de liderar suas belas colegas numa aventura onde enfrentarão inimigos como samurais gigantes, zumbis nazistas, dragões e robôs.
SUCKER PUNCH é uma salada de influências nerds – gibis, animês, games, belas garotas lutando artes marciais, ficção cientÃfica -, e sem dúvida Snyder fez um filme para quem partilha com ele essas referências. Infelizmente, faltou uma trama mais consistente para costurar todos esses elementos em uma produção que tivesse o conteúdo à altura da sua combinação de trilha sonora interessante com visual audacioso. O núcleo do filme é estruturado como um videogame, em fases movimentadas intercaladas por momentos sombrios no hospÃcio/bordel. O ciclo torna-se um tanto repetitivo, e a constante quebra de ritmo torna o filme esquizofrênico: de um lado é uma fantasia de ação, do outro é um drama psiquiátrico ou de prisão, com tudo isso (ou quase) se passando na mente de Babydoll.
O longa não conseguiu cativar seu público-alvo e afundou nas bilheterias, além de ser sido bombardeado pela crÃtica. No entanto esse fracasso de Snyder rendeu uma experiência audiovisual incomum, e não é de se duvidar que após seu lançamento em home-video, especialmente em Blu-ray, acabe virando cult. Os efeitos visuais são excelentes, e o elenco feminino, em alta definição, resplandece. Emily Browning, pálida, com olhos grandes e seu uniforme de escolar japonesa, encarna Babydoll como um poderoso fetiche que contrasta fragilidade e poder nas cenas de luta. E não há como não destacar Abbie Cornish, cuja beleza rouba a cena sempre que surge na tela. Do lado masculino Scott Glenn faz o melhor que pode como uma espécie de Yoda humano, que irá guiar Babydoll e suas garotas durante suas fantásticas missões.
Fica, então, a pergunta: este belo fracasso de Snyder é mesmo ruim, ou trata-se de um filme hoje incompreendido que, ao longo do tempo, encontrará seu público e será reconhecido? Não tenho resposta para essa pergunta, mas por seus variados atrativos visuais creio que SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL merece pelo menos uma locação. Tire suas próprias conclusões!