Crítica sobre o filme "Thor":

Jorge Saldanha
Thor Por Jorge Saldanha
| Data: 09/10/2011
Primeiro filme de personagens da Marvel a chegar aos cinemas em 2011, THOR, dirigido de forma acadêmica pelo “Shakespeareano†Kenneth Branagh, dificilmente será considerado por alguém como uma das melhores adaptações de quadrinhos para o cinema. Mas certamente está longe de ser das piores, e com um bom e eclético elenco, visões deslumbrantes do Reino de Asgard, batalhas contra criaturas e monstros CGI, tramas palacianas, pitadas de romance e até mesmo momentos de comédia que funcionam bem, diverte até mesmo quem não possui familiaridade com o universo criado por Stan Lee e seus colaboradores.

A trama parece justificar a escolha de Branagh para a sua direção: em seu cerne temos um rei e seus dois herdeiros, a traição de um deles e a desgraça e posterior redenção de outro – elementos típicos da obra de Shakespeare. Mas se engana quem acha que tudo é sério, dramático. Sem apelar demasiadamente para o camp, o diretor providencia uma caracterização desencanada para Thor e seus amigos guerreiros. Ele se arrisca até mesmo a colocar o protagonista em situações potencialmente ridículas – como quando Thor, após esbravejar aos humanos que é o Poderoso Deus do Trovão, é abatido por um prosaico taser; ou ainda quando ele entra numa loja de animais de estimação e diz pomposamente que precisa de um cavalo. Alguns fãs poderão torcer o nariz, mas o fato é que esses momentos se inserem adequadamente no tom e na construção do filme.

Piadas à parte, o australiano Chris Hemsworth (que ganhou destaque no início de STAR TREK como o pai de James T. Kirk), personifica Thor da maneira que poderíamos esperar – um gigante viking bonachão e bebedor de cerveja, que paulatinamente abandona a arrogância que tinha em Asgard e, após sofrer pelo banimento na Terra, chorar pela pretensa morte de Odin (Hopkins, à vontade), e se afeiçoar pelos seres humanos, ressurge para enfrentar seu irmão Loki (Tom Hiddleston, ótimo) e ocupar o lugar que lhe cabe no panteão de super-heróis que, em 2012, estarão no aguardado OS VINGADORES – filme que começou a ser preparado já no HOMEM DE FERRO de 2008.

Entre as deficiências de THOR, a que primeiro me vem à cabeça é, surpreendentemente, a “oscarizada†Natalie Portman, em atuação que não ajuda a tornar plenamente convincente seu romance com o herói. Não sei se isso é culpa da atriz ou do próprio roteiro, mas sei que, para mim, seu melhor momento é quando Jane vê pela primeira vez Thor com seu martelo e trajes típicos e ela exclama, extasiada, “Oh meu Deus†– o que é tecnicamente correto e sutilmente engraçado. Também, alguns elementos parecem ter sido apenas “jogados†no filme para fazer a ligação com OS VINGADORES, como a rápida (e desnecessária) aparição do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). Já outros, como a tradicional cena após os créditos finais, são mais consistentes.

Mas THOR nunca chegará a aborrecer o espectador, que facilmente encontrará no filme boas qualidades – ainda que elas não fiquem por muito tempo em sua memória, como a competente mas genérica trilha orquestral de Patrick Doyle. O filme faturou o suficiente nas bilheterias para garantir uma continuação que já tem até data de estreia marcada: 26 de julho de 2013.