Crítica sobre o filme "X-Men: Primeira Classe":

Jorge Saldanha
X-Men: Primeira Classe Por Jorge Saldanha
| Data: 24/10/2011
A franquia X-MEN, a exemplo de outras como HOMEM-ARANHA, QUARTETO FANTÃSTICO e MOTOQUEIRO FANTASMA, é daquelas que não está sob o controle direto da Marvel Studios, que a partir de HOMEM DE FERRO (2008) dedicou-se por inteiro aos filmes dos super-heróis que participarão do longa OS VINGADORES, a ser lançado ano que vem. Por isso, não deixa de ser uma surpresa o fato de que este X-MEN: PRIMEIRA CLASSE (2011) seja tão bom. De fato, é o melhor longa da franquia, e forte candidato à melhor adaptação de personagens da Marvel para o cinema.

Talvez tenha ajudado para isso a volta à série de Bryan Singer, que dirigiu os dois primeiros X-MEN, ainda que apenas como um dos produtores e autores do argumento. Porém, o fato concreto é que o filme de Matthew Vaugh (que após o interessante KICK ASS – QUEBRANDO TUDO teve aqui a oportunidade de dirigir uma produção com super-heróis “verdadeirosâ€) tem uma ótima história, que combina fatos reais da Guerra Fria (em especial a Crise dos Mísseis de Cuba) com elementos típicos dos primeiros filmes de 007 (que aliás, nasceram em plena Guerra Fria) e de ficção científica.

Ao contar a origem dos personagens que formarão o núcleo da primeira geração dos mutantes conhecidos por X-Men (especialmente Charles Xavier/Professor X e Erik Lensherr/Magneto, em ótimos desempenhos, respectivamente, de James McAvoy e Michael Fassbender), este prelúdio/reboot aborda com eficiência os temas que sempre foram caros à série: a intolerância e o preconceito da sociedade contra os “diferentesâ€, no caso os mutantes, e as maneiras opostas de lidar com o problema, defendidas pelos dois principais protagonistas. O personagem mais rico devido à sua complexidade é Magneto. Tendo sofrido na infância a opressão do III Reich, ele aqui ainda é o braço direito de Xavier na luta contra o mal, mas acredita no emprego pelos mutantes de métodos similares aos dos nazistas e de seu “criador†Sebastian Shaw (Kevin Bacon) contra o resto da humanidade, que ele considera uma raça inferior. E isso, todos sabemos onde vai dar.

Boa atenção também é dedicada a outros personagens, mesmo que criando algumas “liberalidadesâ€, como o fato de Xavier e Raven/Mística (Jennifer Lawrence) terem sido criados como irmãos. E também há desperdícios, do tipo utilizar Azazel (Jason Flemyng), uma das criaturas mais poderosas e míticas dos gibis, como mero capanga do vilão. A ação não foi esquecida, e novamente temos duas facções de mutantes em confronto – a liderada por Xavier e a comandada por Shaw (este com uma caracterização à la “vilão de James Bondâ€). O filme tem excelentes valores de produção, como seu elenco afiado, os efeitos visuais supervisionados por John Dykstra (que em 1977 revolucionou a tecnologia dos efeitos com um pequeno filme então chamado apenas GUERRA NAS ESTRELAS) e um colorido desenho de produção, que destaca o período em que se passa.

Graças à ótima recepção de público e crítica, podemos considerar o longa de Matthew Vaughan como o primeiro capítulo de uma nova trilogia. Atenção às referências aos filmes anteriores e à hilária ponta do mutante mais carrancudo que já existiu.