Crítica sobre o filme "Jurassic Park: Trilogia – BLU-RAY":

Jorge Saldanha
Jurassic Park: Trilogia – BLU-RAY Por Jorge Saldanha
| Data: 21/11/2011
Steven Spielberg teve um bom ano em 1993: primeiro, por finalmente ter conquistado o Oscar de Melhor Diretor com A LISTA DE SCHINDLER; e segundo, por ter entregado ao mundo mais um recordista de bilheteria – JURASSIC PARK: O PARQUE DOS DINOSSAUROS. Em relação ao livro no qual se baseou, o best-seller homônimo do falecido Michael Chrichton (também co-autor do roteiro ao lado de David Koepp), o filme teve muitas cenas de violência minimizadas ou eliminadas. Apesar de não ser uma obra-prima como CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU ou E.T., JURASSIC PARK é cheio de ação, suspense e sustos no melhor estilo Spielberg. A trilha sonora, como de hábito, ficou a cargo de seu colaborador habitual, o grande John Williams. O elenco, com Richard Attenborough roubando a cena como o criador do Parque dos Dinossauros, é ajudado pelo bom roteiro e pela direção tarimbada de Spielberg para dar consistência aos seus personagens. Contudo, é inegável que o elemento humano assume um segundo plano quando entram em cena os à época impressionantes efeitos visuais. Pela primeira vez na história do cinema, após décadas de dinossauros que eram dublês fantasiados, lagartos maquiados ou miniaturas animadas em stop-motion, os monstros realmente pareciam estar vivos na tela.

Inicialmente as criaturas seriam animadas em stop-motion por Phil Tippett, da Industrial Light and Magic (ILM), mas Spielberg não ficou satisfeito com os testes realizados. Felizmente a ILM estava aperfeiçoando a tecnologia utilizada em O EXTERMINADOR DO FUTURO 2 (1991), e superou com êxito o desafio de criar, em computador, dinossauros com movimentos fluídos, perfeitamente texturizados e integrados à ação ao vivo. Grande parte do mérito, contudo, permanece com Tippett, que por ter trabalhado muitos anos com stop-motion tornou-se “especialista†em movimentos de dinossauros. O que foi de muita valia para os animadores que, com o apoio dos bonecos animatrônicos em escala real criados pelo também já falecido Stan Winston, criaram momentos memoráveis como a primeira visão do enorme Braquiossauro, o T-Rex atacando o veículo e a perseguição dos Velociraptores às crianças. Apesar da grande evolução da computação gráfica ocorrida desde seu lançamento, os efeitos CGI de JURASSIC PARK ainda superam os de muitas produções contemporâneas.

O grande sucesso de JURASSIC PARK tornou inevitável uma continuação, que chegou em 1997 com O MUNDO PERDIDO: JURASSIC PARK. Mais uma vez dirigida por Steven Spielberg e baseada em livro homônimo de Michael Crichton, homenageando no título o clássico livro de Sir Arthur Conan Doyle (adaptado pela última vez para o cinema nos anos 1960 por Irwin Allen), a ambiciosa continuação apresenta dinossauros em maior quantidade e realismo que os do filme de 1993, novamente criados pela equipe da ILM. Do elenco original, temos pontas de Richard Attenborough e dos jovens Joseph Mazzello e Ariana Richards, com o personagem de Jeff Goldblum (Ian Malcolm) retornando para assumir a posição central. A trilha sonora de John Williams é percussiva e, a exemplo do filme, mais direcionada à ação. Mas com suas várias e empolgantes sequências de ação, algumas baseadas em material que não pôde ser aproveitado no primeiro filme, O MUNDO PERDIDO não consegue passar a mesma sensação de novidade e deslumbramento do original. Além disso o longa se estende além da conta em sua meia hora final, quando Spielberg, querendo homenagear os filmes do gênero “monstro à soltaâ€, coloca um T-Rex na cidade de San Diego em busca de sua cria.

Com o mais caro O MUNDO PERDIDO não tendo obtido o mesmo retorno de bilheteria e crítica que o filme original, na segunda continuação, JURASSIC PARK III (2003), Steven Spielberg ficou apenas na produção e a direção ficou a cargo de Joe Johnston (CAPITÃO AMÉRICA). Sem Spielberg no comando, seu parceiro habitual John Williams ficou de fora do projeto, tendo Don Davis (trilogia MATRIX) assumido a missão de compor uma trilha sonora aproveitando temas de seu colega, criados para o filme original. Laura Dern tem uma pequena participação, e após tirar uma folga no filme anterior Sam Neill volta como Alan Grant, que levará o casal vivido por William H. Macy e Tea Leoni na missão de resgate a seu filho. Os personagens, contudo, não são ajudados pelo roteiro raso, deixando que os dinos, mais uma vez criados pela ILM, reinem absolutos. Aliás, se não artisticamente, pelo menos tecnicamente este é o melhor dos três filmes, colocando na tela de forma espetacular o maior “vilão†neles visto – o temível Espinossauro, que sai vitorioso em um duelo com o T-Rex -, além de Pterossauros (em outra cena remanescente do primeiro livro de Crichton) e versões um pouco diferentes dos Velociraptores – mais coloridos e com penas, conforme descobertas arqueológicas ocorridas antes da produção. A fraca recepção do filme foi o claro indicativo de que a fórmula se desgastara, e a série aparentemente encerrou-se ali. Porém, recentemente Spielberg revelou que o roteiro de JURASSIC PARK IV já está sendo escrito, e provavelmente daqui a uns dois ou três anos os dinossauros deverão retornar ao Cinema em toda a sua glória.