O maior sucesso de bilheteria de todos os tempos chega agora ao mercado de vídeo. Precocemente. Isto porque a chiadeira foi geral pelo produto em Blu-ray não ter um único extra, certamente bastante aguardado pelos fãs, principalmente pelo uso da tecnologia inovadora do filme e por muitos outros motivos. A explicação dada pelo próprio James Cameron (LEIA A ENTREVISTA COMPLETA com o Diretor quando do lançamento mundial do produto em SP) e produtores é que queriam ocupar todo o espaço físico do disco com a melhor qualidade possível de imagem e áudio. Se aceita, esta desculpa é plenamente justificada. Tenho apenas uma palavra para definir a qualidade: fantástica. Dito isto, vamos conversar um pouco sobre alguns aspectos mais técnicos. Se você não se importa com este tipo de informação, já fica aqui uma “pré” conclusão: fãs do filme, aluguem ou até comprem para ter em casa e se deliciar e impressionar os amigos com o seu equipamento de alta definição.
Vamos lá então. Uma das discussões que poderiam haver é sobre a imagem. O resultado é simples: NÃO HÁ DISCUSSÃO. A masterização do filme em 2D (sim, não estará disponível a edição em 3D por um bom tempo) foi brilhante. Parece que cada cena teve um cuidado especial para se aproveitar da tecnologia do BD. Aqui cabe um detalhe mais técnico: muitos desavisados poderiam reclamar que a taxa de transmissão média (“bitrate”), que é variável, é de quase 29Mbps. Teoricamente quanto maior está média, mais qualidade se teria. Não é só isto que faz com que se tenha a qualidade. Seria preciso analisar cada sequência, sua peleta de cores e quanto de espaço físico cada uma delas ocupa. Aqui fica a surpresa. Completando a informação, diz-se que um bom equipamento (“player”) de Blu-ray tem capacidade de processar 40Mbps. Então a média está bem abaixo? NÃO. Para se ter esta média para um filme tão longo seria necessário mais de um disco para acomodar só a imagem. Fiz o teste aqui e posso assegurar que nas cenas mais difíceis de terem um bom resultado, em geral as que variam rapidamente de contraste e brilho, alcançam um nível perfeito de preto e não são desgastadas por um filtro digital normalmente utilizado para atenuar este problema, causando as famosas “granulações”. Em boa parte destas cenas, o pico de taxa de transmissão ULTRAPASSA os 40Mbps (teoricamente o limite). A média só cai nas cenas com uma média de coloração (paleta de cores) adequada, que não se tem a necessidade de ter um nível menor de compressão claramente observado nas cenas de “live action” em estúdio, que também são bem naturais e não comprometem em nada a qualidade geral. O “codec” utilizado para a imagem é o mais eficiente AVC (MPEG-4) e, só ela, ocupa quase 40Mb dos 44Mbs utilizados no disco.
A segunda etapa técnica a ser colocada é a do áudio a trilha chamada de lossless (com a menor compressão possível) está impecável. Todos os sons de ambientação são notados, até para ouvidos menos sensíveis. As cenas de ação não exageram a utilização dos canais traseiros nem do subwoofer, parecendo naturais e, consequentemente, brilhantes. Nem há muito o que comentar, apenas que é uma das mais eficientes mixagens de áudio que já presenciei. A ótima dublagem não tem uma trilha “lossless”, é a mesma do DVD com Dolby Digital em 5.1 canais. A qualidade sofre uma ligeira alteração, principalmente nos diálogos, mas nada que seja comprometedor. E completando esta parte técnica, a diferença apresentada no número de Mb acima está nas diversas faixas de áudio. Sim, poderia ter uma com um comentário do Diretor, pelo menos, caberia, teria espaço. PARA DADOS EXTREMAMENTE técnicos, ACESSE ESTE ARQUIVO gerado pelo DVD Magazine via software disponibilizado pelo “Cinemasquid.
Os menus são simples, até eficientes, apenas em inglês. A boa surpresa está nas legendas, que traduzem até as falas do povo de Na´vi, mudando apenas de tipo de letra (fonte), mesma apresentada nos cinemas, num tom amarelo bem claro que não interferem na “projeção”. Sim, faltam extras. TODOS os possíveis. Claro que os fãs estão ávidos por eles. Como dito na referida entrevista, a outra explicação, até plausível, é que uma edição especial com 4 discos será lançada em novembro de 2010 e que “para atender os fãs” (sim, são inúmeros e confesso que não consigo mensurar quantos são os que realmente querem algo além do filme) esta edição foi lançada agora, pois não haveria tempo para finalizar mais 3 cenas que serão incluídas, estão no trabalho chamado de “renderização”, que certamente leva tempo (lembrando que as filmagens começaram em 2007!) e que outros materiais, inclusive a presença de Cameron no Brasil serão incluídos. Se serve de “consolo”, alguns vídeos e outras informações podem ser acessadas via Internet através de um código disponibilizado no produto.
Resumo: um filmaço, com qualidade de imagem perfeita – fica aqui a informação que a profundidade de campo conseguida graças à alta definição e coloração “quase” nos remete ás imagens em 3D, guardadas as devidas proporções - e áudio impecável é disponibilizado em BD. Fãs, como disse, não podem perder. Não é a primeira vez que um filme terá, para a “infernização” dos colecionadores, inúmeras edições especiais. E talvez os números iniciais comprovem a boa (não digo que perfeita) estratégia de marketing: foram vendidos no primeiro dia 6.600 cópias no Brasil (no disco consta como fabricado na Microservice de Manaus, certamente seu primeiro sucesso de vendas no formato), que por si só já é um recorde. Nos EUA, bateu a casa dos 1.500.000 (sim, UM MILHÃO E MEIO em um dia – por lá a edição em DVD é também disponibilizada para quem compra o BD. O recorde anterior foi “Batman – O Cavaleiro das Tervas” com 600 mil). E todos sabiam da edição especial em novembro. O mais divertido é que alguns fãs correram para comprar uma edição “melhor” inglesa, com embalagem em “steelbox” (de lata), que acompanha um livro vendido no mesmo site como “bônus” e alguns “postcards”, além do DVD como “bônus”. Certo ou errado? Com esses números, nem será preciso o tempo para confirmar que a estratégia deu certo. Pelo menos para Mr. Cameron e para a Fox. São mestres nisso. Pelo menos isto é “inquestionável”. E viva a sempre eterna polêmica: quem esta certo? Claramente o cinema. E só. O resto, é "mais" diversão.