Crítica sobre o DVD "Edição Especial" do filme "Blade Runner":

Jorge Saldanha
Blade Runner Por Jorge Saldanha
| Data: 01/01/2008

Nos EUA, esta “versão final” de Blade Runner, produzida por Charles de Lauzirika, foi lançada em edições com dois, quatro e cinco DVDs, sendo a última embalada numa maleta que traz vários itens de colecionador, como miniaturas e cards. Os DVDs adicionais trazem mais um conjunto de extras (como as cenas deletadas e os segmentos de produção reunidos sob o título "Enhancement Archive") e a primeira montagem do filme, vista apenas em exibições-teste. Ela possui uma abertura diferente, tem a narração de Deckard apenas no final, não traz a cena do unicórnio e nem o final feliz e contém diálogos diferentes entre Batty e Tyrell, entre outras coisas. É uma versão claramente não finalizada, com música temporária na trilha sonora e que deve interessar apenas aos mais radicais fãs do filme. Aqui no Brasil recebemos uma versão intermediária com três DVDs, disponível em duas versões - uma com embalagem Amaray envolta numa luva de papelão, e outra que também vem numa maleta com itens de colecionador. Em ambas o conteúdo dos discos é idêntico - os mesmos extras e nada menos que quatro versões do filme: a versão final, as duas versões de cinema de 1982 (uma para o mercado norte-americano e a outra para o mercado internacional) e a versão do diretor.

Todas tiveram vídeo (no formato widescreen anamórfico 2.35:1) e áudio (Dolby Digital 5.1) remasterizados, mas foi a “versão final” que recebeu os maiores cuidados, restaurada digitalmente a partir dos elementos originais de forma a eliminar imperfeições, danos ou sujeiras. A imagem apresenta um nível de detalhe que ultrapassa qualquer lançamento anterior do filme, e isso em DVD standard – quando escrevi esta resenha, a versão em alta definição (Blu-ray e HD-DVD) ainda não havia sido lançada aqui. Os níveis de brilho, contraste e nitidez impressionam, as cores são firmes e vivas e inexistem artefatos de compressão. O áudio em inglês Dolby Digital 5.1 da versão final é estupendo, propiciando ao espectador uma profunda imersão no ambiente sonoro do filme, onde percebem-se em detalhes até mesmo ruídos discretos como vozes, o barulho da chuva, trovões e sons de uma caótica cidade futurista. Ele possui toda a potência que faltava no áudio 2.0 e mesmo nas faixas multicanais das outras versões do filme incluídas. Um dos melhores exemplos disso é na cena em que Deckard dispara sua arma em Zhora, onde ouvimos um grave forte e profundo. Mas o que mais se destaca no áudio é, sem dúvida, a antológica trilha musical de Vangelis, responsável por boa parte da atmosfera do filme. Ela envolve o ouvinte com toda a sua excelência sonora, algumas vezes eclipsando (intencionalmente) o diálogo e os efeitos sonoros. Aliás, se algum reparo há de ser feito ao novo áudio do filme é quanto aos diálogos, que em alguns poucos trechos soam baixos ou abafados. Problemas sem dúvida com as masters originais, mas é algo que passará despercebido para muitos e que não chega a comprometer a avaliação final. As versões de cinema agora também contam com a dublagem original em português (mono). Em todas as versões incluídas, o filme possui as opções de legendas em português, inglês e espanhol. Os menus animados são caprichados, mas apresentam alguns erros de tradução (afinal, o que seria "versão impressa"?).