Crítica sobre o filme "Bons Costumes":

Eron Duarte Fagundes
Bons Costumes Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 04/05/2010

Leveza. Superficialidade agradável. Sutileza frágil. Sarcasmo britânico sedutor. Eis algumas expressões que, a esmo e de esguelha, podem sugerir algumas ideias dos modos cinematográficos de Bons costumes (Easy virtue; 2008), coprodução entre ingleses e canadenses dirigida por Stephen Elliot a partir dum drama teatral de Noel Coward já levado à tela nos anos 20 do século passado pelo inglês Alfred Hitchcock. A realização de Elliot está cheia de bons modos fílmicos que entravam um pouco seu voo estético, mas não lhe impedem dar seu recado com precisão e alguma sensibilidade.

O centro da trama de Bons costumes é confrontar as pudicícias da aristocracia britânica já em decadência nos anos 20 e a possível modernidade da civilização americana que então inventava o automóvel e outras coisas. Se este assunto foi tratado de maneira trabalhada e profunda pelo ficcionista norte-americano Henry James, aqui o cineasta tenta uma espécie de comunicação mais fácil e direta, e para isto simplifica os caracteres e as situações. A americana indesejada no seio inglês chega à mansão, vindo de Detroit, Estados Unidos, casada com um filho viajada da família que a topara em Paris; esta irrequieta americana tenta cativar o fechado meio do Reino Unido, mas encontra rejeição em todos os cantos, centralizando-se esta rejeição na figura da matriarca, mãe de seu marido; com a revelação do segredo de passado da americana (uma eutanásia que praticara em seu primeiro marido, em doença terminal), o teto do confronto britânicos-americanos vem abaixo.

É bem verdade que Colin Firth apresenta sua fleuma notável de sempre e o jovem Ben Barnes tem o perfeito senso do entretenimento. Mas o centro das atenções se dá entre as atrizes Jessica Biel (a esposa americana) e Kristin Scott Thomas (a mãe do marido inglês), intérprete que exibiu sue francês em filmes recentes como Há tanto tempo que te amo (2008), de Philippe Claudel, (que por sinal trazia também um segredo de eutanásia no passado, mas na pele da personagem de Kristin), e Partir (2009), de Catherine Corsini, e agora tem a possibilidade de reeditar seu notável talento interpretativo em sua língua materna.