C.S. Lewis escreveu os sete livros de As crônicas de Nárnia nos anos 50. É curioso que somente cinquenta anos depois o cinema se interessasse por estas histórias escritas numa codificação que não ocultam as características de pesquisador medieval do escritor (que, aliás, foi colega de J.R.R. Tolkien, que escreveu outras charadas à antiga, O senhor dos anéis, também recuperadas pelo cinema de fantasia).
Michael Apted dirige As crônicas de Nárnia: a viagem do peregrino da alvorada (The chronicles of Narnia: the voyage of the dawn treader; 2010), o terceiro filme da série nos cinemas. A suntuosidade das imagens (para além do formato 3D, que neste caso é diferente, podendo o filme ser desfrutado na forma convencional com idêntico fascínio a penetrar nas formulações dos paralelos que á a raiz da trama de Lewis).
Razoavelmente bem articulado como fantasia e sem decair excessivamente na pieguice aventuresca comum no cinema americano (a produção e o diretor são ingleses, mas certos vícios da indústria são muito americanas), As crônicas de Nárnia em seu terceiro episódio eleva um pouco o nível da simplória aventura cinematográfica. Nada que impeça de se observar o lado ingênuo das fantasias fáceis de um cinema que exibe um trivial luxo plástico e financeiro. (Eron Fagundes)