Crítica sobre o filme "Discurso do Rei, O":

Eron Duarte Fagundes
Discurso do Rei, O Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 03/06/2011

A primeira impressão é de que O discurso do rei (The king’s speech; 2010) se trata de um aparatoso vazio. Seu diretor, Tom Hooper, reveste seu estilo de filmar duma dignidade fútil: os belos e grandiloquentes gestos dos atores, a suntuosidade às vezes sóbria dos cenários de época, o vocabulário e a dicção altissonantes. Para quê? Para não dizer nada. Para não estabelecer nenhum conflito crítico-estético sobre o tema que aborda: as relações entre as questões da realeza europeia e a realidade às vésperas da II Guerra Mundial são postas de forma amorfa e sem senso histórico em cena.

As quase duas horas de narrativa cinematográfica se alongam e enrolam para desaguar na chave linguística do filme de Hooper, o discurso do rei George VI explicando ao povo inglês os motivos da entrada do país na guerra; como um todo, O discurso do rei parece tão inócuo e pífio quanto o discurso régio e suas lengalengas oficialistas e convencionais. Apesar de contar com bons intérpretes e com uma sombra técnica luxuosa, O discurso do rei é um filme redondamente falhado. (Eron Fagundes)