O filme de vampiro é um gênero cinematográfico que tem origens nobres. O protagonista do gênero é um nobre, o Conde Drácula. Suas primícias são literárias e têm em Bram Stoker seu cultor inicial. Cineasta de prestígio como o dinamarquês Carl Theodor Dreyer, o alemão F. W. Murnau e mais recentemente outro alemão, Werner Herzog, têm dedicado algumas de suas fantasias estéticas a estes monstros das trevas.
Ocorre que a enxurrada de filmes (especialmente americanos) de quinta categoria tratando de vampiros, acabou por vulgarizar o gênero. Pode-se discutir muita coisa no cinema do americano Francis Ford Coppola, mas ele não é um cineasta vulgar. Seu Drácula de Bram Stoker (Bram Stokers Dracula; 1992), com não estar entre seus melhores trabalhos, é um belo exemplar de filme de vampiro, onde as cachoeiras de sangue, a exuberância dos cenários construídos e a plasticidade barroca da imagem criada pela câmara propõem uma estética moderna do vampirismo cinematográfico.
Todo o exagero que Coppola tem usado em sua carreira desde Apocalypse now (1979) se esparrama nesta fita de assombrações. A história contada não traz nada de novo e a simbologia mística incide nos signos de sempre. O que prende o espectador é o delírio visual coppoliano, a loucura buscada com ímpeto pelo realizador, que chega a algumas rimas cinematográficas desorientadoras, como aquela em que o plano de dois pontos de mordidas no pescoço duma criatura se transforma no início da seqüência seguinte no plano de dois olhos dum assustador lobo.
Um filme de lobo é o que é Drácula de Bram Stoker assinado por Coppola.