Crítica sobre o filme "Educação":

Eron Duarte Fagundes
Educação Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 08/06/2010

Educação (An education; 2009), filme inglês dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig, se passa no começo da década de 60 do século passado, um pouco antes da revolução de costumes que teve um dos centros justamente na Inglaterra; com felicidade, a cineasta capta as palpitações de rebeldia que já começava a haver na retrógrada sociedade inglesa, estabelecendo pois um sensível retrato social pré-revolução. Sob a aparência de relatar um caso de amor entre uma adolescente inteligente mas imatura e um madurão culto mas também falso e espertalhão, o que está em cena é o entrelaçamento dos movimentos sociais em que se movem algumas personagens básicas que desencadeariam a revolução posterior, a família ansiosa do futuro da filha, a filha curiosa por novidades intelectuais, o homem que quer desfrutar da beleza e da inteligência duma garota recém-saída dos cueiros.

Como composição cinematográfica acerca do social, Educação oferece um contraponto a Aconteceu em Woodstock (2009), rodado nos Estados Unidos pelo chinês Ang Lee. Se o filme de Scherfig se concentra nos momentos que antecedem a revolução de costumes, o de Lee apanha o início turbulento e desorganizado desta revolução. Onde um e outro filme se identificam é no fato de que são dois diretores estrangeiros que vão ao centro dos acontecimentos e falam deles como se fossem da terra; é como se o chinês Lee tivesse nascido na América e vivido o que conta, assim como a dinamarquesa Scherfig em relação à Inglaterra.

Extremamente valorizado pela caracterização dos atores, especialmente do par central interpretado por Carey Mulligan e Peter Sasgaard, Educação é um filme que tem facilidade para conquistar o espectador. E o faz com dignidade, sem demasiadas concessões à vulgaridade estéril corriqueira no cinema.