Crítica sobre o filme "Homem de Ferro":

Rubens Ewald Filho
Homem de Ferro Por Rubens Ewald Filho
| Data: 09/05/2008

Esta é a primeira produção da Marvel, que se cansou de perder dinheiro vendendo seus produtos para diversos estúdios, e conseguiu um empréstimo para se arriscar também no difícil jogo de ser produtora de cinema (a segunda será o novo Incrível Hulk, que chega em breve, mas já com brigas com o ator central, Edward Norton). Não sei se vai dar certo, porque eles se arriscaram num projeto muito aguardado, com um personagem cultuado que tem muitos fãs, mas tem menos apelo do que Batman ou Superman. Até porque não é um herói convencional. Mas a meu ver, o risco maior não é o fato de terem atualizado a história, e acrescentado uma forte mensagem contra a indústria de armas, mas a escolha do ator central, Robert Downey Jr.. Não importa o fato dele ser ou ter sido drogado, ter cumprido pena de prisão, mas sim por ser conhecido por seu tom irônico, sarcástico, que serve para amigo ou inimigo do mocinho, não para conduzir um filme. Embora conhecido, não é popular, ou especialmente bonito ou simpático. Será a figura mais adequada para o papel?

Como sempre sucede nesses casos de blockbusters (este é o primeiro a chegar nesta temporada de 2008, antes mesmo do verão americano), a resposta não será dada pela imprensa, mas pelo público. E não será imediata; será preciso um tempo para sacar se este vai ser o grande momento de Downey, ou seu maior fracasso. Particularmente, não lembro de outro herói na faixa dos quarenta anos, e que use cavanhaque (ou seja, é muito mais difícil de se identificar, de se torcer por ele, do que pelo Homem-Aranha). Como o próprio Stan Lee diz, ele é inspirado em Howard Hughes, “inventor, aventureiro, milionário, conquistador de mulheres, e também um ‘louco’”.

Pensaram antes, como diretor, em Quentin Tarantino, Joss Whedon, Nick Cassavetes, e Nicolas Cage e Tom Cruise consideraram a possibilidade de estrelarem. De qualquer forma, a adaptação é inteligente, e o diretor Jon Favreau é um sujeito talentoso e esperto; ele é um daqueles atores à la Stallone, que escreveu um roteiro e depois dirigiu, Swingers (1996). Isso lhe abriu as portas para uma carreira bem sucedida, em filmes como Um Duende em Nova York (“Elf” - 2003) e Zathura - Uma Aventura Espacial (“Zathura” - 2005), enquanto também trabalha como ator - inclusive aqui, onde faz um guarda-costas.

Originalmente, Iron Man era um homem de direita - Tony Stark -, fabricante de armas, que se envolve na guerra do Vietnã, que aqui se torna a guerra no Afeganistão, que ele vai visitar para apresentar um novo tipo de arma. Mas seu grupo é atacado e ele é feito prisioneiro, sendo obrigado a construir um míssil para o inimigo. Mas, como é muito inteligente, com a ajuda de um comparsa (pobres amigos dos mocinhos!), consegue criar com uma nova fonte de energia, uma espécie de homem voador, um Rocketeer, que usa uma armadura de robô de última geração.

Como o diretor-roteirista Favreau não quis partir para a pura fantasia, mas manter um pé na realidade, no momento atual, o vilão acaba sendo um executivo, que representa grandes corporações e complexos militares (não estou revelando nada de novo, dizendo que o papel é feito por Jeff Bridges, pela primeira vez com cabeça raspada). Terrence Howard faz Jim Rhodes, o amigo militar, e o interesse romântico fica por conta de Gwyneth Paltrow, que faz Virginia ‘Pepper’  Potts a doce secretária apaixonada pelo patrão (considerando que ela é opaca e neutra, está menos sem graça do que costume).

Será que Iron Man decola? Eu fiquei atento a tudo, interessado. De vez em quando me lembrava de Robocop, reclamava da falta de empatia do ator, me decepcionava com a luta climática (não consegui acreditar que os inimigos aprendessem tão rápida a usar a roupa-armadura). De qualquer forma, não é filme para crítico. O estúdio está certo de que o filme terá muitas continuações, e vai trazer as pessoas de novo ao cinema, depois de longa ausência. O futuro dirá.