Crítica sobre o filme "Homens Que Encaravam Cabras, Os":

Eron Duarte Fagundes
Homens Que Encaravam Cabras, Os Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 19/07/2010

Houve quem visse em Os homens que encaravam cabras (The man who stare at goats; 2009), de Grant Heslov, uma crítica ao militarismo ou ao belicismo intervencionista norte-americano. Extraída dum livro do jornalista americano Jon Ronson que afirma não ter inventado nada e mais uma produção dos Estados Unidos que se volta para o conflito do Iraque (o melhor destes filmes, Redacted, 2007, de Brian de Palma, permanece inédito entre nós e outro que se lhe aproxima, Guerra ao terror, 2008, de Katryn Bigelow, parece não ter sido muito bem compreendido por aqui), a realização de Heslov força o anedotário bélico para fazer (ou tentar fazer) o que mais lhe convém, fazer o espectador rir de coisas dramáticas. Poderia dar certo (bons atores como Geroge Clooney, Ewan McGregor e Jeff Bridges, visto há pouco no belo Coração louco, 2009, de Scott Cooper, cumprem à altura com seus papéis), mas a coisa desanda para uma confusão de encenação e intenções tão absurdas quanto precárias. É um absurdo sem uma visão cinematográfica crítica: a narrativa amolece e aborrece seguidamente, tirantes um ou outro achado cômico.

As imagens são excessivamente amarradas à narrativa-over do repórter de guerra vivido por McGregor. Talvez a personagem de Bridges, ironizando a paranormalidade (fazer a guerra sem derramamento de sangue, só com a força mental, exercitando inicialmente com as cabras), seja a mais engraçada e que, se bem e mais intensamente usada, poderia elevar a densidade do filme. Mas são suposições desmanchadas por uma realização cuja engrenagem nunca chega a articular-se com a precisão necessária.